Guarda vive crise de identidade, dizem especialistas em segurança


Especialistas em segurança pública afirmam que a Guarda Civil Metropolitana vive uma crise de identidade e que passa por um processo de militarização. A confusão é, inclusive, legal.

A Constituição afirma que a GCM deve atuar na proteção das instalações públicas. Já o estatuto sancionado pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), em agosto de 2014, estimula uma interpretação mais ampla, que vai do patrulhamento preventivo ao “uso progressivo da força”. Há inclusive uma ação de inconstitucionalidade contra o estatuto.

“É um problema geral. Não há uma clareza sobre o papel da guarda e falta um padrão. Se não há um papel definido, a própria formação é incerta”, afirma o pesquisador em segurança pública pelo NEV (Núcleo de Estudos da Violência) André Zanetic.

Zanetic explica que a falta de identidade prejudica a forma como o guarda se enxerga na sociedade. “Se não há uma identidade clara, você quer ser como seu irmão mais velho, que são as polícias civil e militar”, diz.

Doutora em ciência política associada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Tania Pinc diz que, no dia a dia, a guarda tem reproduzido o papel da PM. “Enquanto você vê debate sobre a desmilitarização da PM, há um processo de militarização da guarda. O que falta à guarda hoje é uma identidade.”

Foto: Luiz Guadagnoli/Secom