FIANÇA – O GCM, autor do disparo que matou o adolescente na noite de sábado, na zona leste da capital, pagou fiança de R$ 5 mil e responderá o processo em liberdade.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (27) que foi equivocada a abordagem da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na perseguição que causou a morte de um garoto de 12 anos na zona leste de São Paulo. De acordo com o secretário Municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, os três guardas envolvidos no caso não deveriam nem ter começado a perseguição que resultou na morte do menino.
“A função fundamental da GCM é cuidar de patrimônio público e policiamento preventivo. Esse conceito não permite que a guarda faça perseguição a suspeitos”, diz. “Foi uma ocorrência totalmente equivocada.”
Na noite do último sábado (25), o adolescente Waldik Gabriel Silva Chagas foi morto com um tiro na nuca por um guarda-civil metropolitano. O adolescente estava no banco traseiro de um Chevette ao ser atingido.
Segundo a Guarda Civil, homens que ocupavam o carro faziam assaltos em Cidade Tiradentes, na zona leste. Perseguidos, não pararam e atiraram. Depois fugiram. O autor do disparo que matou o garoto foi preso por homicídio culposo (sem intenção).
A equipe de perícia constatou que havia um disparo de fora para dentro do carro e que os vidros das portas estavam fechados. Segundo o advogado Ariel de Castro, do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), não há provas de que as pessoas no carro estivessem cometendo assaltos. “Também não há indícios de que houve troca de tiros. A única marca de tiro é no vidro traseiro do carro, na altura da cabeça”, diz ele.
A família de Waldik Gabriel Chagas chegou por volta das 2h desta segunda ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer os procedimentos de liberação do corpo do adolescente.
Acompanhada do marido e de dois filhos, a ajudante de cozinha Orlanda Correia Silva, 47, disse que precisou recorrer a amigos que perderam parentes para entender como funciona todo o processo de sepultamento. “Me sinto perdida, nunca enterrei ninguém, nunca fui ao velório de familiares”, disse Orlanda, emocionada, no estacionamento do IML, no bairro Artur Alvim, na zona leste de São Paulo.
Vítima nasceu na Bahia e veio para SP ao 8 meses
No depoimento à polícia, a mãe do adolescente disse que o filho andava, supostamente, com pessoas de caráter duvidoso. Porém, ela disse que nunca havia presenciado ou teve conhecimento de que seu filho havia se envolvido em alguma ocorrência policial.
“Não acordei ainda, não estou acreditando. Vou sentir que ele morreu depois, que ele não vai estar mais na caminha dele. Saio cinco da manhã de casa e não sei o que acontece depois”, disse a mãe, emocionada, na noite deste domingo.
O menino nasceu em Brumado, na Bahia, cidade natal da mãe, que mora há 27 anos em São Paulo. Quando estava grávida, ela voltou para a Bahia e, quando Waldik tinha oito meses, ela retornou a São Paulo.
Waldik era um dos nove filhos de Orlanda. Todos moram na Cohab Barro Branco 2, em Cidade Tiradentes, próximo do local onde ele foi baleado. Segundo a mãe, o adolescente não era bom aluno. Mas estava matriculado no quinto ano. “Era rebelde, mas muito carinhoso”.
A mãe e a irmã de Waldik, Aline Lima, 27, não sabem dizer com quem ele estava no Chevette quando foi baleado. “Os vizinhos disseram que a GCM (Guarda Civil Metropolitana) deu quatro tiros, não tinha razão para fazer isso”, disse Aline.
Foto: Peter Leona