Plano da Petrobras não terá novos investimentos em refino e logística


NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, adiantou nesta sexta-feira (12) que o novo plano de investimentos da estatal não vai trazer novos investimentos nem em refino nem em logística de combustíveis.
O segmento, que passou nove anos comandado pelo delator da Lava Jato Paulo Roberto Costa, foi o mais afetado pelo esquema de corrupção investigado pela operação e continua pesando negativamente nas finanças da estatal.
Em balanço divulgado nesta quinta (11), a empresa trouxe nova baixa no valor do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), no valor de R$ 1,1 bilhão. A baixa ajudou a reduzir o lucro da empresa, que foi de R$ 370 milhões.
“O Plano de Negócios e Gestão que estamos discutindo para o período 2016-2021 não vai trazer grandes modificações que resultem em novas instalações além das já planejadas no refino e em logística”, disse Celestino em teleconferência com analistas, respondendo a perguntas sobre a capacidade da companhia para abastecer o mercado.
O plano está sendo elaborado pela direção da empresa, que se reúne novamente neste fim de semana para discutir o tema, e deve trazer as primeiras mudanças estratégicas após a posse do presidente Pedro Parente, indicado pelo presidente interino, Michel Temer.
A empresa promete o novo documento para setembro.
Celestino disse que, com relação à sua área, os estudos indicam que o consumo de combustíveis não ultrapassará os picos de 2,5 milhões a 2,6 milhões barris por dia, atingidos no início da década. No segundo trimestre, a empresa vendeu 2,1 milhão de barris por dia.
No segmento, o principal investimento da Petrobras é concluir instalações da primeira fase da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Celestino disse ainda que a empresa permanece em busca de um parceiro para concluir a refinaria do Comperj.
VENDA DE ATIVOS
Na teleconferência, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que a empresa não venderá ativos a qualquer preço apenas para cumprir a meta de seu plano de desinvestimento.
A companhia confirmou aos analistas a meta de vender US$ 14,6 bilhões em ativos ainda em 2016 —desse total, negociações já concluídas garantem quase US$ 4,6 bilhões com a venda de ativos na Argentina e no Chile, do polo petroquímico do Nordeste e da área de Carcará, no pré-sal.
Assim, a empresa tem menos de cinco meses para levantar US$ 10 bilhões. Estão em negociação a empresa de gás liquefeito de petróleo Liquigás, a malha de gasodutos do Sudeste e térmicas e terminais de importação de gás.
No último dia 22, a companhia anunciou um novo modelo de venda da BR Distribuidora, que prevê o controle compartilhado da subsidiária.
“O timing não vai nos pressionar a vender ativos mais baratos”, disse Monteiro. Segundo ele, as captações realizadas recentemente garantem fôlego para a companhia caso as negociações para venda de ativos se estendam.