Bumlai é condenado a 9 anos e 10 meses de prisão por corrupção

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ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi condenado nesta quinta-feira (15) por corrupção e gestão fraudulenta de instituição financeira ao tomar um empréstimo destinado ao PT.
Bumlai tomou um empréstimo de R$ 12 milhões em seu nome, no banco Schahin, em 2004, e repassou os valores ao PT, trabalhando como um “operador do partido”, segundo acusou a denúncia.
O juiz Sergio Moro concluiu, com base em documentos e na confissão do próprio Bumlai, que a operação foi “fraudulenta” e que “o real beneficiário dos valores foi o Partido dos Trabalhadores”.
O pecuarista confessou parte dos crimes, e sua defesa chegou a argumentar no processo que ele foi “o trouxa perfeito” do PT. Moro, porém, entendeu que não cabia a Bumlai o retrato de “vítima”.
“Ninguém obrigou José Carlos Bumlai a aceitar figurar como pessoa interposta no contrato de empréstimo […] É óbvio que assim agiu para, assim como o Grupo Schahin, estabelecer ou manter boas relações com a agremiação política que controlava o Governo Federal”, escreveu o magistrado.
O empréstimo nunca foi quitado: um acordo garantiu que a Schahin perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para a operação de um navio-sonda, em 2009.
Para Moro, a contratação da Schahin para o contrato bilionário “revestiu-se de grotesca ilicitude, sendo fruto de escolha arbitrária de agentes da Petrobrás e motivada por razões espúrias”.
“Os fatos revelam a utilização indevida da estrutura da empresa estatal para benefício pecuniário de agremiação política, com a atuação consciente de dirigentes da Petrobrás”, escreveu Moro.
Bumlai, que está preso preventivamente na Polícia Federal em Curitiba, foi condenado a 9 anos e 10 meses de prisão.
Também foram condenados os executivos do grupo Schahin, Milton Schahin, Fernando Schahin e Salim Schahin; o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró; o ex-gerente da estatal Eduardo Musa; o operador e lobista Fernando Soares, o Baiano; e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Ainda cabe recurso à decisão.

Foto: Eurídes Aok/Correio do Estado