A menos de uma semana da eleição, candidatos elevam tom

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A menos de uma semana do primeiro turno das eleições municipais, os candidatos à Prefeitura de São Paulo protagonizaram, na noite deste domingo (25), o debate mais tenso entre eles.
No encontro promovido pela Rede Record e pelo portal R7, o tom subiu já nas primeiras perguntas -nas quais Luiza Erundina (PSOL) voltou a criticar João Doria (PSDB) pela polêmica de um terreno em Campos do Jordão (SP), e Marta (PMDB) e Celso Russomanno (PRB) acusaram um ao outro de mentir.
Poucas falas trataram de propostas objetivas para a cidade, especialmente no primeiro e no segundo blocos; a partir do terceiro, o tom entre os candidatos ficou mais ameno e mais promessas de campanha foram feitas.
Um dos ataques mais contundentes no debate foi feito por Major Olímpio (SD) -que se disse “franco, sim, e atirador também”.
Por duas vezes, ele insinuou que a formação da coligação de Doria (composta por 13 siglas) envolveu loteamento de cargos no governo estadual, administrado pelo tucano Geraldo Alckmin, padrinho político de Doria.
O candidato do SD, partido que faz parte da base de Alckmin, alegou que a sigla sofreu “pressão” do governo depois de ele ter cobrado o tucano no debate do SBT. “Eu não tenho preço”, disse, se dirigindo ao governador -que estava na plateia.
Doria, que sempre ressalta não ser político, pediu a Major Olímpio “respeito à classe política e ao governador”.
Segundo turno
Outro embate marcante, que se repetiu em diferentes momentos, foi entre Marta e Russomanno. Os dois estão embolados em um empate técnico com Doria na primeira posição, segundo a última pesquisa Datafolha (o tucano tem 25%, o candidato do PRB 22% e a do PMDB, 20%).
Marta e Russomanno trocaram acusações logo no primeiro bloco. “Você votaria em um candidato que mente assim?”, perguntou a peemedebista, citando uma multa que o deputado recebeu do Procon por propaganda enganosa e a liminar que tirou do ar uma campanha do PRB que acusava Marta de mentir.
“Quem fez os primeiros ataques foi você, com mentiras”, retrucou Russomanno, que, em diferentes momentos, por ao menos três vezes acusou Marta, quando prefeita e ministra, de “estar em Paris” quando problemas como o alagamento de túneis paulistanos aconteciam no Brasil.
Mais tarde, em resposta a Major Olímpio, Russomanno chamou de “jogo baixo e sujo” uma propaganda da campanha de Marta que o acusa de ser mau administrador por causa do fechamento de um bar seu em Brasília.
Interagindo com Haddad, Russomanno acusou a peemedebista de ter deixado a prefeitura endividada e de ter criado “a taxa do lixo e até a taxa da coxinha”.
A Doria, por outro lado, Marta quase não fez ataques diretos, diferentemente de outros debates -os dois, que chegaram a escolher, na sequência, um ao outro para responder, deram a impressão de se ajudar.
Em uma das respostas à ex-prefeita, o tucano disse que “não tinha discordâncias”.
O tucano foi alvo de ataques mais fortes de Haddad e de Erundina. A candidata do PSOL por ao menos duas vezes acusou Doria de “ignorância política”, por repetir que é um gestor, não político, e de “fazer lobby”. Ele ganhou direito de resposta para rebater a afirmação.
Erundina também criticou a proposta do tucano de privatizar ou fazer PPPs em corredores de ônibus e cemitérios. “Ele vai explorar publicidade em túmulos?”, cutucou.
Doria retrucou, dizendo que a diferença entre ele e Erundina é que ele quer “socializar a riqueza, e não a pobreza, como ela”.
O prefeito Fernando Haddad (PT) endureceu o tom contra João Doria -mas também contra Marta.
Com o primeiro, ao falar sobre o programa Braços Abertos, de combate ao crack, criticou o governo estadual, dizendo que “o PCC só cresceu nos 22 anos de governo do PSDB”. Doria disse que o programa do petista deixa os usuários de crack “de braços abertos para a morte”.
À Marta, Haddad perguntou se a proposta de retomar a inspeção veicular era ” convicção dela ou exigência do [Gilberto] Kassab”, aliado da peemedebista. Marta acusou o prefeito de má-fé.