Após anulação de penas, filha quer indenização por morte no Carandiru

SÃO PAULO, SP, 06.10.2016 ? PROTESTO-SP - Participantes se reuniram no Ato em memória ao massacre do Carandiru para relembrar os 24 anos após o acontecido, na Praça Metrô Tiradentes, na zona de São Paulo. Em seguida, seguiram em caminhada até a frente ao TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), na Praça da Sé, zona central da cidade, onde fizeram uma intervenção com velas em memória ao 111 mortos no Carandiru, nesta quinta-feira, 6. (Foto: Daia Oliver / Brazil Photo Press/Folhapress)

MASSACRE – Nesta quinta (6), mães que tiveram os filhos mortos por policiais militares lembraram os 24 anos do Massacre do Carandiru, completados no último domingo (2)

Passados 24 anos, Fernanda Vicentina da Silva, 33 anos, resolveu cobrar na Justiça pela morte do pai. O pai de Fernanda, Antonio Quirino da Silva, foi uma das vítimas do Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, no interior da Casa de Detenção de São Paulo, na zona norte da capital. Ela tinha oito anos na época em que o pai morreu.

A jovem ingressou com uma ação na última segunda-feira (3), na Vara da Fazenda Pública em São Paulo, para pedir uma indenização no valor de R$ 176,8 mil ao governo de São Paulo. Fernanda, que trabalhava como auxiliar de serviços gerais, está desempregada.

O pai de Fernanda foi morto com cinco tiros, um deles na nuca. O advogado de Fernanda, Carlos Alexandre Klomfahs, disse que, pela trajetória das balas, Antonio Quirino estava ajoelhado e rendido no momento em que recebeu os tiros. O crime pelo qual ele foi preso e levado ao Carandiru é desconhecido, pois documentos da época estão perdidos.

De acordo com o advogado, a cliente decidiu recorrer à Justiça após decisão que anulou os julgamentos e sentenças de policiais acusados no caso. No dia 27 de setembro deste ano, três desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal do Júri decidiram anular os julgamentos.

Eles entenderam que não há elementos suficientes para provar quais foram os crimes cometidos por cada um dos agentes policiais no massacre. O relator do processo, o desembargador, Ivan Sartori, defendeu que os policiais agiram em legítima defesa. O julgamento foi anulado pelo Tribunal de Justiça.

Nesta quinta-feira (6), mães que tiveram os filhos mortos por policiais militares ou por agentes do Estado lembraram os 24 anos do Massacre do Carandiru, completados no último domingo (2). O evento recebeu o nome de “Tentam nos enterrar, mas somos semente – Contra a grade e a bala, a resistência ao Estado não cala”.

No evento, as mulheres criticaram a anulação dos julgamentos dos policiais. As mães pediram também o fim da Polícia Militar. “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”, gritavam.