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Polícia Civil do Rio investiga suspeita de fraude na CBF

A Polícia Civil do Rio abriu inquérito nesta segunda (31) para investigar o Departamento de Registro e Transferência da CBF. A Delegacia de Defraudações suspeita que o órgão da confederação frauda o BID (Boletim Informativo Diário) para favorecer clubes ligados a cartolas da própria entidade e empresários.
O documento é uma espécie de Diário Oficial do Futebol.
O delegado Ricardo Barbosa informou que o diretor da CBF, Reynaldo Buzzoni, responsável pelo setor, será chamado para depor. Ele já esteve na delegacia no mês passado e não conseguiu esclarecer as dúvidas do delegado. Por isso, Barbosa decidiu abrir o inquérito, que terá 30 dias para ser concluído.
O vice-presidente da CBF, Gustavo Feijó, e o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, também deverão ser ouvidos no inquérito. Os dirigentes da CBF são investigados por falsidade ideológica, associação criminosa, além de tráfico de influência.
A transferência do meia Bismarck, ex-ABC, para o futebol da Arábia Saudita em janeiro deste ano é um dos casos suspeitos pela polícia de fraude no BID.
Patrocinado pela Prefeitura de Boca da Mata, comandada por Feijó, o Santa Rita é investigado por ter servido de ponte para a saída do atleta do país. O jogador nunca defendeu o clube, que é apontado no BID, como o repassador do atleta para o exterior.
A polícia suspeita que os dirigentes do clube, que tem como presidente o irmão do vice da CBF, tenham pressionado a CBF para fraudar os documentos.
De acordo com o inquérito, Bismarck tinha contrato com o Palmácia, do Ceará, até 2018, mas conseguiu na Justiça de Alagoas o direito de deixar o clube.
Menos de uma semana depois, no dia 14 de janeiro, a CBF registrou a rescisão de contrato do jogador com o Palmácia.
No dia 16, um sábado, quando não há expediente na CBF, a confederação autorizou a transferência do atleta do Santa Rita para o Najran, clube da Arábia Saudita, segundo documentos.
No dia 18, a CBF publicou no BID o contrato do atleta com o Santa Rita.
“Isso ninguém consegue me explicar. Como a CBF autoriza emprestar um atleta que ainda não pertencia ao clube”, disse Flávio Guilherme, representante do Palmácia.
O clube cearense disputou neste ano a terceira divisão do Estadual.
Pelo negócio, o Santa Rita recebeu cerca de US$ 120 mil ( quase R$ 400 mil).
“A investigação nos indica que não existe clareza nas regras de transferência da CBF”, afirma o delegado.
Em 2014, Petros, do Corinthians, protagonizou uma polêmica semelhante. Na época, o contrato de empréstimo foi rescindido em 1º de agosto, uma sexta-feira. Um novo acordo em definitivo foi redigido com data de 2 de agosto, sábado, quando não há expediente na CBF e o registro não poderia ser feito.
Assim, teoricamente, o atleta não poderia jogar contra o Coritiba, na rodada do final de semana.
Depois da partida, o clube paranaense entrou no STJD (Superior Tribunal de Justiça desportiva) pedindo os pontos do jogo, mas acabou não ganhando.
A CBF e a Federação Paulista de Futebol admitiram a falha, o que não acontece agora, e foram multadas, salvando o Corinthians.
Além do caso de Bismarck, outras duas transações registradas no BID suspeitas de fraude são investigadas pela Polícia Civil.
OUTRO LADO
A CBF negou que tenha fraudado o BID. Em nota, a entidade afirma que “tão somente cumpriu uma ordem judicial e realizou a inscrição conforme determinado pela Justiça”.
“Não há qualquer preocupação da entidade em relação aos procedimentos adotados, que seguiram os regulamentos e as normas internas”, afirmou a CBF no comunicado.
“A Diretoria de Registro e Transferência já prestou informações e está colaborando para que o caso seja integralmente esclarecido”, acrescentou.
Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF, disse que “jamais” fez tráfico de influência para ajudar o clube da sua cidade. No mês passado, o dirigente foi reeleito prefeito de Boca da Mata.

 

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