O ouvidor das polícias, Julio César Fernandes Neves, afirmou nesta segunda-feira (7) que há indícios de que os corpos encontrados neste domingo (6) em uma área rural de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) sejam dos cinco jovens desaparecidos na zona leste de São Paulo.
“Foi execução, com certeza. Um deles estava sem cabeça. Não se sabe ainda se foi uma decapitação ou algum animal que fez isso depois”, afirmou Neves.
Os jovens da zona leste de São Paulo estavam desaparecidos desde 21 de outubro, quando iam de carro a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC. Os corpos foram levados na madrugada desta segunda (7) para o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo para que sejam submetidos a exames para identificação, que ainda não ocorreu.
Segundo Neves, um dos jovens estava com os pulsos amarrados com algemas plásticas e todos receberam vários tiros. Um dos corpos encontrados sem cabeça estava com uma fralda geriátrica e havia sinais de cirurgia na coluna. Isso reforça a suspeita de que sejam dos jovens desaparecidos, já que um dos cinco rapazes era cadeirante e utilizava fralda. Parte da família do cadeirante Robson de Paula, 16, está no instituto à espera da identificação.
Os corpos achados estavam perto da estrada vicinal do Taquarassu. De acordo com o delegado do 2º DP de Mogi das Cruzes, José Carlos Santos Alvarenga, os corpos estavam enterrados em uma ribanceira, cobertos por terra e cal e apresentavam avançado estado de decomposição.
MISTÉRIO
Cinco jovens da zona leste da cidade de São Paulo, com idades entre 16 e 30 anos, um deles cadeirante, entraram animados num Santana 1987 com a intenção de participar de uma festa com garotas conhecidas em rede social em um sítio de Ribeirão Pires (Grande SP). Misteriosamente, desapareceram no caminho.
O perfil das meninas com quem os jovens se encontrariam também desapareceu da internet. Não é mais certo nem que haveria a festa e que as garotas de fato existiam.
Entre as últimas mensagens enviadas pelo grupo, segundo familiares, está uma que menciona suposta abordagem policial. “Ei, acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia está me esculachando [sic]”, disse Jonathan Moreira, 18, um dos desaparecidos, em áudio enviado a amigos.
O sumiço começou a ser investigado três dias após a suposta festa, quando a polícia foi avisada por familiares sobre a localização do Santana 1987. O carro estava abandonado em uma alça do Rodoanel, perto de Ribeirão Pires, mas sem sinais de violência.
De vestígio do grupo, havia apenas as fraldas utilizadas pelo mais jovem dos rapazes, Robson de Paula, 16. Ele passou a usar cadeira de rodas após ser baleado em ação da PM dois anos atrás.
Dos cinco ocupantes do veículo, ao menos dois tinham passagem pela polícia. Só o motorista não participaria da suposta festa. O cozinheiro Jones Januário, 30, foi contratado pelos adolescentes para levá-los e buscá-los no dia seguinte, já que nenhum deles tinha carro.
ROGÉRIO PAGNAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)