Em mais um capítulo da crise política na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro fez seu discurso sobre o Estado da União neste domingo (15) aos juízes do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), e não à Assembleia Nacional, algo inédito no país.
A oposição, que tem maioria no Parlamento, acusa o Judiciário de servir ao chavismo. Na semana passada, a Corte declarou ilegal a nova mesa diretora da Assembleia, invalidando a declaração de abandono de cargo de Maduro.
Os magistrados afirmam que deverá ser refeita a eleição da nova mesa diretora porque, no momento em que esta foi realizada, o Parlamento estava em desacato por empossar três deputados impugnados.
“Haverá justiça contra tanto desacato e conspiração”, disse o chavista, referindo-se à decisão da Assembleia como “manifesto golpista”. O presidente do Parlamento, Julio Borges, afirmou que não se apresentar perante o Legislativo ratifica que Maduro “está fora da Constituição”.
O mandatário prorrogou pela terceira vez a vigência das cédulas de 100 bolívares —agora para 20 de fevereiro – um mês depois de anunciar a retirada de circulação dos bilhetes, o que provocou saques e protestos.
As novas notas, de até 20 mil bolívares, devem chegar nesta semana. Segundo o FMI, a Venezuela teve a mais alta inflação do mundo em 2016 (475%).
Maduro afirmou ainda que nesta segunda-feira (16) será publicado o primeiro decreto de emergência econômica do ano, dispositivo com o qual governou durante todo o ano passado e que dispensa licitações e trâmites cambiais para facilitar a importação de bens e insumos.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)