PM cumpre reintegração de posse em São Paulo após prisão de líder do MTST


O cumprimento de uma determinação judicial para expulsar cerca de 700 famílias de um terreno, chamado Colonial, em São Mateus, na zona leste da capital paulista, terminou em confronto entre moradores e policiais militares, e na prisão do líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos. Ele foi detido por incitação à violência, descumprimento de ordem judicial e por violência contra a polícia durante uma manifestação na porta da casa de Temer em São Paulo, segundo informaram os policiais que participaram da ação.

O líder do MTST foi levado para o 49° DP (São Mateus). O advogado de Boulos, Felipe Vono, afirmou que antes do despejo, ele tentou negociar com os policiais para que a ação fosse adiada. “Não houve desobediência, outras seis pessoas participavam da conversa”, afirma Vono.

“O companheiro Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, que estava acompanhando a reintegração de posse da ocupação Colonial, visando garantir uma desfecho favorável para as mais de 3000 pessoas da ocupação, acaba de ser preso pela PM de São Paulo sob a acusação de desobediência civil”, postou o movimento em sua rede social.

O MTST diz ainda que Boulos estava o tempo todo procurando uma mediação para o conflito. “Não aceitaremos calados que além de massacrem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajuda-los.”

Guilherme Boulos acusou a Polícia Militar de perseguição. “Foi uma prisão política. Eles alegaram incitação à violência. Eles despejam 700 famílias com violência e eu que incitei à violência”, disse, após ser ouvido na delegacia.

O militante afirma que os policiais atribuíram a ele atos que não praticou. “O MTST estava lá para garantir o direito das pessoas que estavam sendo despejadas, buscar uma saída negociada. A Tropa de Choque avançou, jogou bombas e querem encontrar um culpado”.

Boulos diz ainda que um capitão da PM justificou a prisão a ele citando atos anteriores. “Ele se referiu a outras manifestações do movimento, em especial uma, em frente à casa do [presidente] Michel Temer, em que ele também comandava a Tropa de Choque naquela ocasião em que houve um conflito com o MTST.”

 

 

Moradores fazem barricadas e policiais usam bombas de gás

 

Durante a reintegração de posse houve confronto entre a polícia e as famílias do terreno ocupado. Por volta das 8h50, os moradores chegaram a colocar barricada em uma via para impedir o avanço da policia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta para dispersar os manifestantes. Às 9h40, a Polícia Militar informou que as famílias haviam se dispersado e já era realizado a retirada do móveis e, depois, seria feita a limpeza do terreno.

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que “após tentativa de negociação dos oficiais com as famílias, sem acordo, os moradores resistiram hostilizando os PMs, arremessando pedras, tijolos, rojões e montando três barricadas com fogo”.

De acordo com a pasta, um policial ficou levemente ferido por uma “por uma bomba caseira” e dois carros da Tropa de Choque ficaram danificados. “A PM agiu para garantir o cumprimento da ordem judicial”, diz o texto da nota.