Moradores de uma favela na Vila Prudente, zona leste de São Paulo, entraram em confronto com policiais militares e depredaram ao menos três ônibus, a noite desta quarta-feira (1º). A manifestação começou por volta das 19h após uma menina de seis anos ser baleada quando brincava na calçada em frente de casa na travessa Sabiá.
Ao ver os policiais a pé, Ana Vitória correu em direção à casa, mas foi atingida por um tiro no lado esquerdo do ombro, segundo a mãe Edvania Martins Rodrigues, 30. Ela, que trabalha em um supermercado próximo à favela, foi direto ao hospital.
A menina foi levada por vizinhos ao hospital João XXIII, na Mooca, mas ela foi transferida ao hospital do Tatuapé para fazer uma microcirurgia para a retirada de fios de cabelo e pedaços da roupa. Segundo a mãe, não foi possível retirar todos os resíduos por risco de hemorragia. “A bala está alojada e não pode ser retirada porque tem uma veia próxima que pode estourar”, explicou a mãe.
Revoltados com a ação da PM, os moradores da favela fizeram barricadas ateando fogo em objetos, derrubaram lixeiras e jogaram pedras contra os policiais, que revidaram com balas de borrachas e bombas de efeito moral. Os manifestantes também depredaram ao menos três ônibus da Viação Viasul que foram atravessados em ruas do bairro para impedir a chegada dos policiais.
PM diz que bala que atingiu menina partiu de suspeitos
Os policiais militares envolvidos na perseguição a dois suspeitos que terminou com uma criança baleada na favela prestaram depoimento na madrugada desta quinta (2) no 56º DP (Vila Alpina). Em depoimento, os PMs disseram que tentaram abordar dois suspeitos na entrada da comunidade. Segundo os policiais, eles correram ao interior da favela.
Segundo a PM, na fuga um dos suspeitos correndo esticou o braço para trás e disparou vários tiros contra os policiais. Eles disseram que “em nenhum momento” efetuaram disparos. A PM falou que um dos tiros disparados pelo suspeito ricocheteou e atingiu a menina que brincava na rua.
Os policiais disseram ao delegado que imediatamente pegaram a criança para socorrê-la e observaram que ela tinha um ferimento no ombro. Neste momento, os militares alegaram que moradores da favela tentaram agredi-los e começaram a arremessar objetos. Com isso, eles entregaram a criança para a avó e pediram reforço policial.