Rosto e nome de garis são estampados em caminhões de lixo na capital paulista

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Eles passam em frente à sua casa toda semana, mas você provavelmente não os conhece. São milhares de motoristas e garis – ou coletores, como alguns preferem ser chamados – que percorrem as ruas da cidade todos os dias. Uma ação que começou nesta segunda (1º) em São Paulo pretende reverter isso e aproximar esses homens e mulheres da população.

No Dia do Trabalho, 220 funcionários passaram a ter seus nomes e rostos estampados em 30 caminhões de lixo que circulam pelas zonas norte e central da capital. Eles passam por bairros de 13 prefeituras regionais, como Sé, Lapa, Mooca, Pinheiros, Santana e Brasilândia.

Os veículos são da Loga, uma das duas empresas responsáveis pela coleta, tratamento e destinação de resíduos em São Paulo. Ela atua nas regiões central, norte e oeste, enquanto a EcoUrbis trabalha nas zonas sul e leste.

“O cara que coleta o lixo é um agente ambiental, tem um papel fundamental na nossa vida. A intenção primeiro é provocar a sociedade, fazendo ela ver esses homens que ‘não existem’. Em segundo lugar, fazer com que eles mesmos reconheçam seu trabalho”, diz Marcelo Gomes, diretor-presidente da Loga.

Os caminhões estampados com as artes em estêncil, desenvolvidas por uma equipe de grafiteiros, representam 11% da frota da companhia, de 261 veículos. Foram contemplados 14% dos funcionários (de um total de 1.566) nesta primeira etapa. A ideia é aplicar as fotos dos trabalhadores em mais caminhões, mas a Loga não tem um prazo para isso.

Todos os coletores da empresa trabalham de segunda a sábado, no turno da manhã ou da noite. São divididos nos serviços de coleta domiciliar, seletiva e de serviços de saúde. Normalmente, eles percorrem mais de dez quilômetros por dia, coletando 6.000 toneladas de resíduos, em 1,6 milhão de domicílios e 16 mil estabelecimentos de saúde – segundo a empresa, cada brasileiro gera em média 1,4 quilo de lixo diariamente.