Lula e Dilma sabiam de caixa dois da Odebrecht, diz João Santana

CURITIBA, PR, BRASIL, 01.08.2016 - O marqueteiro João Santana e a sua esposa, Mônica Moura, presos na operação Lava Jato, deixam a sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR) nesta segunda-feira (1º). O juiz Sergio Moro determinou a soltura do casal mediante uma fiança de R$ 31,5 milhões. São R$ 28,76 milhões para Mônica e R$ 2,76 milhões para o publicitário. (Foto: Paulo Lisboa/Folhapress)

O marqueteiro João Santana declarou, em seu depoimento prestado em acordo de delação premiada, que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff sabiam do uso de recursos de caixa dois da empreiteira Odebrecht para pagamento de dívidas eleitorais das campanhas presidenciais do PT.

A reportagem teve acesso aos documentos que integram a delação de Santana e de sua mulher, Mônica Moura, cujo sigilo foi levantado por ordem do ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato.

“Lula e Dilma sabiam que as dividas que possuíam com João Santana seriam saldadas com recursos de caixa 2 da Odebrecht”, diz o resumo de uma gravação em vídeo do depoimento de Santana. A transcrição literal das declarações do casal Santana, gravadas em vídeo, ainda não foi anexada aos autos.

Nos chamados “anexos”, que são relatos dos delatores sobre o que pretendem dizer ao Judiciário, João Santana disse que começou a trabalhar com Lula em 2005 e que os detalhes práticos da contratação foram entabulados com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

“Palocci em muitas vezes interviu [interveio] para que os pagamentos fossem realizados, contudo sempre exigia que o casal aceitasse receber por fora, o que hoje eles suspeitam que eram valores de propina.”

Segundo Santana, embora Palocci tivesse um papel preponderante nos acertos, “tudo sempre dependia da ‘palavra final do chefe'”, em referência ao então presidente Lula. Em seu acordo da delação, Mônica Moura também afirmou que Lula sabia e autorizou pagamentos feitos por fora ao marqueteiro na campanha de 2006.

Mônica contou que Palocci relatou a ela diversas vezes que “tinha que falar com Lula, porque o valor era alto, e ele não tinha como autorizar sozinho”.