Mortes de ciclistas na capital paulista aumentam 75% no primeiro semestre

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O número de mortes em acidentes de trânsito envolvendo ciclistas aumentou 75% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, na capital paulista, passando de 12 para 21. Os dados são uma compilação da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) com base nas estatísticas do “Movimento Paulista de Segurança no Trânsito”, do Infosiga-SP (Sistemas de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo).

De acordo com o diretor da Ciclocidade, Daniel Guth, o aumento do número de mortes é o resultado de alguns fatores combinados. Ele cita a falta de fiscalização de carros e ônibus, a descontinuidade das políticas cicloviárias, o aumento dos limites de velocidade nas marginais e a falta de campanhas de conscientização sobre direção segura, além da falta de capacitação de motoristas de ônibus e taxistas.

“O primeiro [elemento] é uma redução e o afrouxamento na fiscalização de condutores de automóveis e ônibus. A redução [do número] de multas, da fiscalização, tem impacto direto na segurança viária e, portanto, nos números que estamos vendo aí. O segundo elemento é a descontinuidade das políticas cicloviárias: falta de manutenção e de conexões e a não discussão sobre expansão cicloviária, [que] produzem também o resultado de mortes de ciclistas”, disse Guth.

Ele considerou um retrocesso a interrupção das políticas cicloviárias, que estão sendo desenvolvidas desde a década de 70. “Políticas cicloviárias salvam vidas, são fundamentais, não só para que novas pessoas passem a usar bicicleta como meio de transporte, mas para que aqueles que já circulam, circulem com conforto e segurança. A descontinuidade dessas políticas, como a gente está vendo, produz parte desse cenário catastrófico.” Segundo Guth, a descontinuidade das políticas parte de uma posição oficial da prefeitura, que afirma que não colocará “nenhum centavo de recursos públicos para expansão cicloviária”.

 

 

Prefeitura diz que números oficiais da CET ainda não foram divulgados

 

Procurada pela reportagem, a prefeitura disse, em nota, que os números oficiais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que levam em consideração as análises de boletins de ocorrência, ainda não foram divulgados.

“Com relação à segurança no trânsito, a SMT [Secretaria Municipal de Transportes] adotou uma série de medidas, tais como o programa Pedestre Seguro, que busca ampliar em no mínimo 20% o tempo de travessia; o 100% Pedestre, que intensificou a fiscalização e orientação nas faixas de pedestres”, diz a nota. Segundo o texto, a SMT iniciou um estudo de revisão das ciclovias para corrigir falhas e “aumentar a segurança de quem pedala pelas ruas da cidade”.

De acordo com a prefeitura, a diretriz da atual gestão é dar “a máxima utilidade às ciclovias existentes, constituir parcerias para a expansão da rede atual e, eventualmente, com amplo diálogo com comunidade e ciclistas, analisar situações pontuais”.