O movimento Vem pra Rua promoveu ato na av. Paulista, na tarde desta terça-feira (23), em defesa da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Lula já foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão. Caso a sentença seja confirmada nesta quarta-feira (24) pelo TRF-4, em Porto Alegre, o petista ficará inelegível, segundo a Lei da Ficha Limpa.
Segundo a Polícia Militar, cerca de mil pessoas participaram do ato em São Paulo, na esquina entre a av. Paulista e a rua Ministro Rocha de Azevedo. Muitas delas portavam bandeiras do Brasil e faixas contra Lula e homenagens a Moro.
Havia também membros do partido Novo.
Bonecos pixulecos e bandeiras eram vendidos por preços entre R$ 5 e R$ 20.
“Por que tá todo mundo com esse sorriso?”, perguntou Adelaide de Oliveira, porta-voz do movimento. “Amanhã será um dia histórico. Lula na cadeia”, gritou em cima de um carro de som.
“Quero mandar um recado: a Justiça precisa ser para todos. Somos brasileiros. Defendemos essa bandeira que nunca será vermelha.”
Além de Lula e do PT, o presidente Michel Temer e o ministro do STF Gilmar Mendes também foram alvos de críticas.
“Não adianta prender corrupto se depois o Gilmar manda soltar”, queixou-se aos gritos um dos participantes.
“Bem lembrado. Ele solta todo mundo, parece Lacto Purga”, respondeu a porta-voz do movimento.
Do alto do caminhão de som, os organizadores entoaram músicas contra Lula. “Nem Atibaia, nem Guarujá, é em Curitiba que o Lula vai morar”, era uma delas.
Moro foi homenageado com músicas e palmas inúmeras vezes.
Os organizadores leram ainda uma mensagem enviada pelo advogado Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma e ex-ministro do governo FHC.
O texto defendia a sentença de Moro e culminava com a frase: “Justiça sim, PT jamais.”
O ato transcorreu sem incidentes.
PORTO ALEGRE
No mesmo ponto da capital gaúcha que recebeu os defensores do impeachment ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, o movimento Vem pra Rua reuniu no início da noite desta terça (23) um pequeno, mas animado grupo favorável à condenação do ex-presidente Lula.
A expectativa dos organizadores, que estimaram cerca de 300 o número de manifestantes em uma das esquinas do Parque Moinhos de Vento, o Parcão, é que os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmem a condenação e ampliem a sentença aplicada pelo juiz Sergio Moro em primeira instância.
O cenário da manifestação combinou faixas com dizeres contra o PT e Lula, camisas verdes, amarelas e da seleção. Também foram empunhados os bonecos do ex-presidente vestido como um presidiário, o pixuleco. A reação dos motoristas que passaram pelo local foi buzinar, criando um clima de comemoração. Dos carros, eram proferidas palavras de apoio e também de contestação.
Uma faixa com uma charge do Lula como se fosse um sapo, sendo cozido em um caldeirão e com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dominava o cenário do protesto. Nela, os manifestantes também escreveram “vai mentindo, vai fugindo, tua hora vai chegar”. O Vem pra Rua recebeu 34 faixas de outros pontos do Brasil, que foram colocadas no local da manifestação.
No início do protesto, por volta dos 18h, uma garoa arrefeceu o ímpeto dos participantes. O clima de animação instalou-se apenas com a chegada da Banda Loka Liberal, grupo de músicos que cantam letras críticas ao petismo, a partir de paródias de canções de torcidas de futebol. “O Lula tem mais dinheiro que o povo inteiro”, dizia um dos refrões.
Conforme uma das organizadoras do ato Iria Cabrera, empresária, 58 anos, o protesto foi espontâneo, organizado a partir do Facebook. Tanto que não havia previsão de um continente expressivo que não foi requisitada a interdição de ruas ou o policiamento adicional. A Brigada Militar informou que nenhuma ocorrência foi registrada no local até as 19h45.
Iria negou que o movimento contra a corrupção tenha sumido das ruas depois de conquistar o afastamento de Dilma em 2016. Reiterou que os protestos seguiram contra o presidente Michel Temer e contra a corrupção, mas perderam o ímpeto porque a população teria entendido que a linha sucessória de Temer não indicava uma alternativa confiável caso ele fosse afastado.
Iria condenou o uso político do julgamento por parte do PT: “É uma forma de fazer de conta que não existe um crime de verdade. É uma narrativa que não é real. O Lula é apenas um criminoso comum que está em julgamento”.
O Vem pra Rua se anuncia como um movimento suprapartidário criado no final de 2014 com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira no combate à corrupção. Em 2015, liderou a organização de protestos a favor do impeachment de Dilma em 240 cidades brasileiras, conforme o site do movimento.
Apesar da alegada independência partidária, foram vistas camisetas laranjas do partido Novo entre os manifestantes. A vereadora Comandante Nádia (MDB) também estava presente. Enrolada em uma bandeira do Brasil, criticou o uso político que o PT está fazendo do julgamento e defendeu a ampliação das condenações por corrupção. “De todos os partidos, inclusive do meu. Não tenho político de estimação”, disse Nadia.
No lado aposto ao ato, duas faixas pregaram a intervenção militar, uma delas sustentando que a chegada dos militares ao poder “não é opção, é a única solução”. Conforme Cesar Campana, 58, militar aposentado e integrante do movimento Patriotas do Brasil, a prisão de Lula é o único ponto de consenso entre o movimento que defende os militares e o Vem pra Rua. “Não existe uma solução política para o país, devido ao aparelhamento dos nossos tribunais”, afirmou Campana.
Localizado em uma região nobre de Porto Alegre, o Parque Moinhos de Vento concentra os atos de combate à corrupção, com foco na crítica a políticos do PT. Em 2016, recebeu o Acampamento Sérgio Moro, em homenagem ao juiz federal, que reuniu em vigília manifestantes favoráveis ao impeachment. Também foi o epicentro dos protestos e passeatas a favor do afastamento da petista em 2016.
O ato promovido pelo Vem pra Rua é o primeiro programado para acontecer em Porto Alegre em apoio à hipótese de condenação do ex-presidente. Para esta quarta (24), o Movimento Brasil Livre (MBL) anuncia a organização do CarnaLula, a partir das 18h no mesmo ponto da capital gaúcha, distante 3,7 quilômetros da sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
No evento criado no Facebook, do qual o líder do MBL Kim Kataguiri também é um dos organizadores, o movimento “convoca a população para a comemoração pelo início da libertação do Brasil”, a partir da sentença contra Lula na segunda instância.
RIO
Manifestantes que pedem a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram na noite desta terça-feira (23) na orla da praia de Copacabana, zona sul do Rio.
O protesto começou às 18h30. Manifestantes ocuparam uma das três pistas da avenida Atlântica, sentido Leme, do posto 5 da orla do bairro. Motoristas que passava eram instados a buzinar em apoio ao protesto.
A manifestação foi convocada pelo Vem Pra Rua, movimento que emergiu durante os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Às 19h, com a chegada de um carro de som, todas as pistas foram fechadas para carros. Os únicos carros autorizado a passar pelo bloqueio eram os que participarão da carreata que irá acompanhar o ato, que seguirá em marcha a partir das 20h, segundo previsão dos organizadores, que ainda não estimaram o público no ato.
Um boneco Pixuleco foi inflado no canteiro central da avenida. Réplicas em menor escala do boneco inflável eram vendidas a R$ 15 e bandeiras do Brasil, a R$ 10.
Manifestantes aplaudiram quando um baner de tamanho real com a figura de Sérgio Moro foi carregado do carro de som.
O humorista Marcelo Madureira, uma das figuras de destaque dos movimentos de oposição a Lula, foi um dos primeiros a discursar.
Ele pediu a prisão de Lula “por um país mais justo”, mas pediu também a prisão do atual presidente da República, Michel Temer, além dos senadores Fernando Collor, Renam Calheiros, Roméro Jucá e Jader Barbalho.
Segundo Madureira, “a nossa cadeia cabe muito mais gente”. “A nossa cadeia há que abrir como um coração de mãe para abrigar apenados e limpar a política brasileira”, disse.
O comediante destacou o que ele chamou de caráter democrático do movimento de oposição a Lula e o PT.
“Aqui tem gente que vota em [Jair] Bolsonaro. Tem gente que não. Tem quem vá votar no [Geraldo] Alckimin e tem quem não”, disse ele. Parte dos manifestantes aplaudiu quando o nome do deputado e pré candidato Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi mencionado. As reações ao Alckimin foram tímidas.
O ato saiu em marcha por volta das 20h com o ibjetovo de percorrer toda a orla em direção ao Leme. No meio do percurso, contudo, deu a volta e ocupou as pistas no sentido oposto, segundo uma das organizadoras porque manifestantes já estariam cansados de caminhar nesta terça de forte calor no Rio.
A manifestação era encabeçada em sua maioria por moradores locais e pessoas de idade mais avançada.
Um carro de som guiava a manifestação e alguns carros de passeio acompanhavam o ato buzinando. Pessoas simpáticas ao protesto piscavam as luzes de seus apartamentos em sinal de apoio.
(Folhapress)
Foto: Bruno Santos/Folhapress