Alunos do Sesi podem gastar até 7 mil por ano para estudar na entidade privada de educação

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Antônio Boaventura

É pago ou não, eis a questão. Alunos que atualmente estudam em uma das unidades do Serviço Social da Indústria (Sesi) podem ter que desembolsar a quantia anual aproximada de R$ 7 mil, caso este esteja matriculado entre o primeiro e quinto ano estudantil e não seja contemplado pelos benefícios oferecidos pela entidade para quem os pais estejam vinculados a empresas industriais conveniadas. A mensalidade tem um custo de R$ 548.

A reportagem do ESTAÇÃO consultou, sem se identificar, o Centro de Atividades Antônio Devisate, localizado no bairro do Belezinho, zona leste da Capital, para buscar informações sobre o procedimento a ser adotado para a realização de matrícula naquela unidade. Prestativa, a atendente revelou que o primeiro passo é acompanhar o edital, que será publicado nos próximos dias, e caso haja compatibilidade com as exigências formalizadas proceder com o processo.

No entanto, ela também ressaltou que existe uma taxa mensal cobrada pela entidade e explicou que esta mensalidade é aplicada por que o Sesi é uma unidade escolar privada. Além do valor mensal, os alunos são induzidos a adquirir o material didático confeccionado pela editora do próprio Sesi, sem contar que os valores pela aquisição de outros itens que compõe a lista de material para aquele ano letivo é de responsabilidade dos responsáveis pelo aluno.

“Meu filho apenas faz atividade física aqui no Sesi [unidade do Jardim Adriana, em Guarulhos (SP)]. Mas, já estou atenta quanto à abertura das matriculas, que é bastante concorrida. E tenho ciência de que temos de pagar uma taxa, até por que uma amiga minha tem filho estudando aqui e ela paga”, disse a doméstica Caroline Ferreira, 46 anos.

O valor da mensalidade para alunos que os pais possuem vínculo com empresas do segmento industrial e estejam na faixa etária entre 6 e 10 anos é de R$ 263,40, para permanência nas instalações da entidade das 07h ás 16h. Para os que não têm este perfil, essa taxa é de R$ 548. Ou seja, um custo anual de aproximadamente R$ 7 mil. A partir do 6º ano o custo mensal é de R$ 134,05 para os considerados industriais e R$ 187,15 para os que não possuem vínculo com a indústria.

Paulo Skaf assumiu a gestão em 2004 do Sesi, que oferece os cursos Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio. Além desses, há cursos de Educação de Jovens e Adultos, Cursos Técnicos, Educação Continuada, Curso Livre de Idiomas, Pós-Graduação de Gestores do Ensino (MBA), graduação e pós-graduação na Faculdade Sesi-SP de Educação.

Com realidades distintas, Skaf promete levar padrão Sesi á rede pública de ensino

Apesar da incompatibilidade financeira, Paulo Skaf (MDB) prometeu levar o padrão Sesi á rede pública de ensino do estado de São Paulo, caso seja eleito governador. No entanto, essa proposta esbarra na realidade distinta que existe entre ambas as proposta, tendo em vista que o custo anual de cada aluno é de R$ 9.900 na entidade privada, enquanto no ensino público o gasto é de R$ 8.555.

Contudo, a estrutura ofertada pelo Sesi é projetada para no máximo 32 alunos por sala. A entidade possui 160 escolas no estado de São Paulo e atendem 93.475 alunos nestas unidades. Já na rede estadual de ensino a realidade é outra totalmente diferente. Com orçamento aproximado de R$ 31 bilhões, o governo estadual quase 4 milhões de estudantes matriculados, que comportam em média pouco mais de 40 alunos por sala de aula.

Nesta quarta-feira (26), em Bauru, o emedebista afirmou que este padrão ao qual consta em seu plano de governo pode levar até dez anos para ser implantado na rede pública. Atualmente o custo mensal de casa estudante matriculado nas unidades escolares do Governo do Estado é de cerca de R$ 712 [sem contar outras despesas como pagamento de funcionários], contra R$ 827 no Sesi.

Em dez anos, as escolas públicas podem chegar ao mesmo padrão do Sesi, o tempo é pequeno, e em uma gestão, ou seja, em quatro anos, é possível já fazer de 40% a 50% dessa mudança, que deve ser um programa de Estado e não de governo. Portanto, seria iniciado no ano que vem, e tem que continuar pelo governo seguinte”, disse Skaf sem revelar de que forma será implantado este modelo.

Através de sua assessoria de imprensa, o Sesi-SP ressalta que o candidato ao Governo do Estado pelo MDB assumiu a entidade com mais de 70% das escolas funcionavam em prédios cedidos ou alugados e algumas unidades estavam em processo de desativação. A partir de 2007 a entidade começou a substituir escolas antigas por prédios próprios novos e modernos, onde os alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental estudam em tempo integral.

Com o propósito de ampliar e qualificar seus serviços, Paulo Skaf decidiu estabelecer a cobrança de mensalidade dos alunos daquela rede privada de ensino em 2007. De acordo com a entidade, as novas escolas do Sesi-SP oferecem ensino em tempo integral do primeiro ao quinto ano do Fundamental com três refeições diárias (café da manhã, almoço e lanche da tarde) e os que estudam em tempo parcial recebem lanche.

Todos os estudantes do Sesi-SP têm subsídio que varia entre 100% e 40% do custo do aluno. Os filhos de trabalhadores da indústria com renda familiar inferior a um salário mínimo por pessoa, ou seja, uma família com 4 pessoas que tenha renda de 3 salários é isenta de mensalidade.

Atualmente, 30% dos alunos não pagam nada. Os demais pagam mensalidades que variam entre R$ 134,03 e R$ 359,25, do Ensino Fundamental ao Médio. Os alunos que não são filhos de funcionários da indústria pagam mensalidades entre R$ 187,15 a R$ 548,25 no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os valores são os mesmos em todas as unidades.