Conheça as empreiteiras campeãs em obras paradas em São Paulo

Eduardo Saraiva
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Wellington Alves – Foto: Eduardo Saraiva

A cidade de São Paulo é a campeã de obras paradas em todo o Estado. São 44 projetos que foram suspensos sob administração do Governo do Estado de São Paulo ou autarquias vinculadas a ele. O Jornal Estação verificou quais são as empresas envolvidas nessas obras, que causam prejuízo bilionário aos paulistanos, e constatou que algumas são reincidentes na interrupção de trabalhos.

A obra parada mais cara de São Paulo é a da construção da Linha 6-Laranja do Metrô, orçada em R$ 23 bilhões, pelo governo estadual. O Consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht TransPort, Queiroz Galvão e UTC Engenharia, não conseguiu financiamento do BNDES para tocar o projeto. O grupo perdeu o direito de executar a obra em 13 de agosto deste ano. A Linha 6 ligará a Brasilândia, na zona norte, à estação São Joaquim, no Centro.

Sem contar os consórcios, a empreiteira com mais paralisações de obras é a Mendes Júnior. A construtora tem cinco projetos parados com o governo estadual, que custariam R$ 2,7 bilhões. Quatro desses contratos estão vinculados à extensão da Linha 2-Verde do Metrô.

A Vedos Arquitetura, Construções e Empreendimentos tem quatro projetos parados com a Universidade de São Paulo (USP), orçados em R$ 7,5 milhões. Entre as obras não realizadas está a ampliação da Faculdade de Medicina, reforma da base comunitária da Polícia Militar na Reitoria e reforma da rede elétrica na Faculdade de Arquitetura.

Com dois contratos, o Consórcio ABB-SPA Energia tem dois projetos aprovados que custam R$ 288,2 milhões. Os serviços paralisados foram contratados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para obras nas linhas 8-Diamante, 9-Esmeralda, 10-Turquesa e 11-Coral.

A Alstom Brasil Energia e Transporte tem duas obras com um mesmo CNPJ, mas em uma delas utiliza o nome Consórcio Automação. Os dois projetos parados foram contratados pela CPTM. Um, de R$ 42 milhões, era focado na execução de serviços de engenharia na Linha 9-Esmeralda. O outro, estimado em R$ 169,9 milhões, previa serviços de engenharia nas linhas 7-Rubi, 9-Esmeralda e 12-Safira.

Especialista aponta prejuízo eleitoral para Doria e Covas

O número de obras paradas em São Paulo impressiona. Além das construções prometidas pela rede estadual, há também projetos tocados pela Prefeitura. Relatório de março do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontava 106 obras municipais paradas, sendo que 98 sequer tinham sido iniciadas. Se consideradas as obras inacabadas – paradas, suspensas e não iniciadas -, o número sobe para 289.

“Essa é uma situação adversa para o prefeito Bruno Covas, que busca a reeleição”, afirma Nilton Tristão, cientista político e responsável pelo Instituto Opinião. Ele avalia que há uma sensação de falta de zeladoria urbana na cidade, não apenas pelas obras paradas, mas por problemas de manutenção das coisas que já existem. “Essa é uma das razões de setores do PSDB defenderem outro nome para disputar a eleição de 2020”, afirma.

Sobre as obras paradas no Estado, Tristão considera que existe um prejuízo eleitoral para o governador João Doria (PSDB), apesar dos tucanos vencerem todas as eleições desde 1994. “Nosso sistema de Metrô está muito atrasado se comparado com outros países. As pessoas esperam avanços”, explicou.

Retomada dos empreendimentos se torna mais cara

O grande problema de uma obra ser paralisada é que o orçamento inicial dela provavelmente não poderá ser cumprido. Os itens e serviços ficam mais caros anualmente. Ou seja, um atraso de um ano pode obrigar a realização de nova licitação, com custo superior, e que é arcado pelos cidadãos que pagam os impostos. Esses recursos a mais poderiam ser investidos em outros serviços.

“A obra parada normalmente é culpa do fluxo financeiro do contratante e não das empresas”, pontua o economista Antônio Azambuja. Na opinião do especialista, a iniciativa privada quer produzir, mas a máquina pública é “emperrada”.

Sobre obras paradas, chamou atenção nesta quinta-feira (5/9) o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que determinou o aterramento do buraco escavado para a Estação Gávea da Linha 4 do Metrô carioca. Já foi investido R$ 1 bilhão na obra – parada desde 2015 – e a conclusão custaria mais R$ 1 bilhão. Que esse exemplo não chegue a São Paulo.

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