Em SP, candidatos disputam apoios na área cultural

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A Cultura entrou no foco da disputa entre os candidatos a prefeito de São Paulo. Na busca pelo apoio de artistas, o prefeito e candidato a reeleição, Bruno Covas (PSDB), e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, reuniram aliados na área com perfis diferentes.

Enquanto a campanha do tucano tem apoio de representantes de escolas de samba e de empresários da noite e do ramo da moda, a do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) recebeu adesão de atores globais e músicos como Caetano Veloso e Chico Buarque.

O responsável por fazer a articulação entre o setor cultural e o campanha de Covas é o ex-secretário de Cultura da capital Alê Youssef (Cidadania), fundador do bloco de carnaval Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos maiores de São Paulo.

Ao lado da ex-prefeita Marta Suplicy, Youssef coordena o Movimento Covas Prefeito (MCP). No Instagram, o perfil do MCP tem, entre os apoiadores da área cultural, a cantora Fafá de Belém, o empresário Tobal Junior, dono da casa de shows Villa Country, o chef e apresentador de TV Olivier Anquier, o idealizador do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, o maestro Roberto Minczuk e o fundador do grupo de teatro Parlapatões, Hugo Possolo.

A principal trincheira de Covas na Cultura, no entanto, são as escolas de samba. “Pelo menos 25 das 34 escolas da liga apoiam o Bruno Covas. Isso é um reconhecimento ao que ele fez pelo carnaval”, disse Sidnei Carriuolo, presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo e da Águia de Ouro.

No ano passado, a Prefeitura aumentou em 8% o valor repassado para as escolas dos grupos Especial, Acesso I e Acesso II, somando R$ 27 milhões. No total, o município gastou R$ 34,6 milhões com o desfile no Anhembi. Aliado de Covas, o vereador reeleito Milton Leite (DEM) atribuiu o apoio ao “tratamento” dado pelo tucano ao carnaval. “As escolas antes ficavam embaixo do viaduto. Nós tiramos da clandestinidade e trouxemos para a legalidade”, disse o vereador do DEM.

Além disso, a principal ponte de Covas com as agremiações foi a aprovação de uma lei sancionada pelo prefeito na semana passada que concede isenção de impostos para escolas de samba e outras entidades que organizam o desfile no Anhembi. O texto não alcança organizações de carnaval de rua. A isenção é válida para barracões, sedes e quadras com “finalidade carnavalesca”. O projeto de lei é de Celso Jatene (PL) e de Leite.

Divulgado ainda na pré-campanha, um manifesto a favor de Boulos reúne mais de 1,2 mil assinaturas de músicos, atores, cineastas e escritores. A lista inclui nomes como Arnaldo Antunes, Tom Zé, Maria Gadú, Fernando Meirelles, Fernando Morais, Ferréz, Camila Pitanga, Maria Fernanda Candido, Osmar Prado e Laerte Coutinho. No programa do PSOL que foi ao ar no sábado, 21, apareceram Wagner Moura, Sonia Braga, Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulo Miklos e Xico Sá. O sambista Salgadinho canta um dos jingles da campanha.

Boulos se comprometeu a aumentar a verba da Cultura dos atuais 0,8% para 3% do Orçamento municipal até o fim do mandato. A proposta fazia parte do programa de Jilmar Tatto (PT). “Este apoio mostra nosso compromisso com a valorização da Cultura em um momento em que ela é tão atacada”, disse o coordenador da campanha do PSOL, Josué Rocha.

Segundo Rocha, o apoio de artistas ajuda a dar visibilidade à campanha, mesmo que muitos deles não votem em São Paulo. “Quando as pessoas veem um artista que elas admiram apoiar alguma causa política, elas acabam se interessando por aquelas propostas.”

Em outra frente, Covas e Boulos disputam apoios entre blocos de carnaval da capital. Na sexta-feira passada, mais de 150 blocos assinaram um manifesto em apoio ao candidato do PSOL. Entre eles estão grupos como Charanga do França, Minhoqueens e Orquestra Voadora.

Já Ale Nattacci, presidente do Acadêmicos do Baixo Augusta, bloco que já reuniu mais de 1 milhão de pessoas, declarou apoio a Covas. “Houve uma melhora no carnaval de rua de São Paulo. A gente sofreu demais nas gestões anteriores. Fomos bem atendidos na gestão Covas”, disse Natacci. Ele ressaltou, porém, que não há apoio institucional do bloco ao prefeito.