Viúva de Amarildo registra queixa contra campanha de Crivella

[the_ad id="63382"]

A viúva do pedreiro Amarildo de Souza, Elizabete Gomes de Souza, registrou queixa por constrangimento contra a campanha do senador e candidato à Prefeitura do Rio pelo PRB, Marcello Crivella.
Segundo Elizabete, cerca de 12 homens que se identificaram como sendo da campanha de Crivella foram a sua casa, no alto da favela da Rocinha, zona sul, às 23h da última terça-feira (25).
O objetivo seria o de gravar um depoimento dela para a campanha, com declarações contra o rival.
Em seu depoimento, prestado nesta quinta-feira (27), na 11ª DP, em São Conrado, ela afirma que os homens deram-lhe R$ 190 para ela comprar drogas antes da gravação do depoimento.
Elizabete, que é dependente de drogas e álcool, teria deixado os homens em casa e teria comprado e usado cocaína.
Ela afirma que foi lhe oferecido, caso Crivella fosse eleito, quatro anos de salário mínimo e a reforma de sua casa na favela. Em troca, ela daria um depoimento que seria favorável a Crivella.
A campanha de Crivella negou as acusações. Em nota, confirmou que esteve na casa de Elizabete, mas a pedido da própria viúva.
A campanha nega que tenha dopado a viúva ou que tenha dado-lhe dinheiro para comprar drogas.
Segundo Elizabete, um dos homens, identificado como uma pessoa de cerca de 30 anos, com cabelo na altura do ombro repartido no meio, teria dito-lhe que Freixo e o advogado da família, João Tancredo, tinham roubado dinheiro de doações que seriam para a família.
“Eu disse que não sabia disso, que o Marcelo Freixo e o doutor Tancredo sempre me ajudaram. Eu e minha família votamos no Freixo e vamos votar nele de novo”, disse Elizabete.
Em 2013, a campanha “Somos todos Amarildo” arrecadou dinheiro junto a artistas pela causa do pedreiro, morto e desaparecido naquele ano por policiais da UPP da Rocinha.
Parte do dinheiro foi usada na reforma da casa da família na favela e parte foi distribuída a ONGs que militam nos direitos humanos.
Crivella tem dito em sua campanha que Freixo e Tancredo, fundador do DDH (Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos), ficaram com dinheiro da viúva. O DDH é acusado pelo senador de fazer doações de campanha a Freixo com dinheiro que deveria ter sido dado a família do pedreiro.
“Desde o início, a campanha tinha como objetivo ajudar a viúva e criar um grupo de estudos sobre desaparecidos no Rio. Mas o Estado não forneceu dados e o dinheiro do projeto foi repartido entre ONGs de direitos humanos. Tudo isso foi combinado com a família antes. Não teve roubo nenhum”, disse Tancredo, que acompanhou a viúva na delegacia.
A queixa da abordagem da equipe de Crivella foi registrada como crime de constrangimento. Elizabete não apresentou o nome das pessoas, apenas descreveu fisicamente um dos participantes.
Tancredo afirmou que entrará na Justiça contra a campanha de Crivella por constrangimento e indução ao uso de drogas. Também buscará reparação pelo que ele classificou de “exploração da situação delicada da família”.
Já a campanha de Crivella, que ainda não levou ao ar o material gravado com Elizabete, também afirmou que buscará a Justiça para esclarecer o caso.
Elizabete diz que os homens chegaram à sua casa na favela sem nenhum conhecido. Políticos e jornalistas costumam subir favelas acompanhados de algum morador ou liderança local devido aos riscos da violência promovida pelo tráfico de drogas.
A campanha de Crivella afirma que quem intermediou o encontro foi a Associação de Moradores da Rocinha. A reportagem ainda não conseguiu contato com a associação.
Segundo a versão da campanha, a equipe chegou por volta das 20h e que Elizabete falou por “mais de uma hora” às câmeras.
“Na semana passada, a equipe de campanha do senador Marcelo Crivella foi contatada pela Associação de Moradores da Rocinha que nos informou que Elizabete Gomes da Silva, viúva do pedreiro Amarildo, queria conversar conosco sobre o dinheiro arrecadado numa campanha de solidariedade à família que não foi repassado integralmente a ela e a seus seis filhos com Amarildo”, diz a campanha em nota.
“Repetimos: a conversa foi sugerida e autorizada por ela. Depois desse entendimento, as medidas legais cabíveis serão tomadas.”

LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

[the_ad_group id="6840"]