Doria pede e ganha câmeras e drones de empresas chinesas de segurança

Único jornal diário gratuito no metrô

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), visitou empresas chinesas de segurança, atrás de doações de equipamentos para seu programa de monitoramento de ruas, o City Câmeras.

Nesta terça-feira (25), seu segundo dia de agenda na China, Doria pediu mil câmeras e um drone que custa cerca de US$ 10 mil à HikVision, gigante que diz possuir mais de um quarto do sistema de segurança do mundo, o que lhe rendeu a fama de “Big Brother” em escala global. Seu desejo foi uma ordem. Em seguida, foi à concorrente Dahua, que operou na Olimpíada do Rio e na cúpula do G20 de 2016, e conseguiu outras mil câmeras e um drone, desta vez estimado em US$ 140 mil.

Doria também disse que organizará grupos de trabalho para discutir uma PPP (Parceria Público-Privada) da vigilância que cobriria “do centro, [como a rua José Paulino] à periferia.” O tucano conversou sobre o tema com a HikVision e a Dahua – nesta quarta (26) visitará outra fabricante da área.

O que estas companhias teriam a ganhar cedendo suas câmeras? “Visibilidade”, segundo o tucano. “Quem, afinal, não gostaria de ter a maior cidade da América Latina como vitrine?” Mas a proximidade com os conglomerados de segurança também desperta críticas. Eles poderiam ver vantagem em atender ao pedido de um prefeito que em breve poderá abrir concorrência para uma eventual PPP que muito lhes interessa.

Diretor da HikVision no Brasil, o chinês Mario Ma afirma que licitações são “o negócio principal” da empresa, e que “a doação pode ajudar, sim.” O presidente da Dahua, Fu Liquan, afirmou que é “muito raro” que sua empresa participe desse tipo de doação. “Foi um grande conselho do senhor prefeito, que foi um grande empresário”, disse, por meio de tradutora.

Para Doria, São Paulo não tem escolhas a não ser a recorrer a doações, vide o déficit de R$ 7,5 bilhões nas contas municipais. As câmeras podem custar “R$ 10 ou R$ 10 milhões”, tanto faz: a cidade, hoje, não é capaz de bancá-las. Não se trata de aliciar possíveis concorrentes, afirmou o tucano. Não há contrapartida à vista e, no andar da carruagem, “o prefeito está mais pedindo do que oferecendo”, continuou. “A PPP, quando for colocada, vai permitir a participação de qualquer empresa.”