Lava Jato encontra R$ 480 mil na casa de Nuzman e pede bloqueio de R$ 1 bi de investigados

RIO DE JANEIRO, RJ, 05.09.2017: OPERAÇÃO-UNFAIR - A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil, deflagra a Operação Unfair Play, nova fase da Operação Lava-Jato, nesta terça-feira (5), com o objetivo de desmantelar um esquema criminoso envolvendo o pagamento de propina em troca da contratação de empresas terceirizadas por parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro. A operação conta com apoio de autoridades francesas. Na foto, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Arthur Nuzman, chega para prestar depoimento. (Foto: Jotta de Mattos/Photo Press/Folhapress)
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (5) a Operação Unfair Play com objetivo de prender o empresário Arthur Menezes de Soares, conhecido como “Rei Arthur”, e Eliane Cavalcante, sócios de empresas de fornecimento de mão-de-obra para o governo do Rio.
Além de pagamentos de propina para o ex-governador, Soares é suspeito de ter auxiliado na compra de votos de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a escolha do Rio como sede da Olimpíada em 2009.

Um dos alvos da operação é o presidente do comitê organizador dos Jogos e do COB (Comitê Olímico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman. O juiz Marcelo Bretas autorizou a intimação do cartola para depor.
Durante a operação, a Polícia Federal encontrou na casa de Nuzman R$ 480 mil em notas de dólares, libras, reais e euros.

O Ministério Público Federal pediu o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas de Nuzman e dos outros suspeitos de envolvimento na compra de votos do COI para pagamento de danos morais coletivos. O órgão afirma que o pedido tem como objetivo reparar o dano à imagem do Brasil causado no mundo em razão do escândalo.

Setenta policiais federais cumprem também outros onze mandados de busca e apreensão em sete bairros do Rio (Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré), em Nova Iguaçu (RJ) e em Paris.
Trata-se de uma nova fase da Lava Jato no Rio, com as decisões expedidas pelo juiz Marcelo Bretas. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As investigações começaram há nove meses e acontecem em cooperação com autoridades francesas e americanas. Os subornos aconteceram, de acordo com a PF, por meio de contratos fictícios de prestação de serviços, com repasses de dinheiro em espécie e para contas no exterior, além do pagamento de despesas pessoais.

REI ARTHUR

Dono do Grupo Facility, o empresário Arthur Cesar Menezes Soares Filho é investigado por procuradores da Operação Calicute, o braço fluminense da Operação Lava Jato.
Apelidado de “Rei Artur” por sua proximidade com Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, Soares Filho recebeu quase R$ 3 bilhões por contratos assinados com o Estado durante os oito anos da gestão passada.
Ele é apontado como o maior fornecedor de serviços terceirizados por meio de empresas ligadas ao Grupo Facility.

Em janeiro, o empresário deu depoimento aos procuradores da Calicute e afirmou ser amigo pessoal do ex-governador, preso no ano passado.
No depoimento, ele disse que começou a trabalhar no setor público em 1994 e não se lembrava de quando constituiu a Facility como empresa principal do grupo.
Na investigação, os procuradores constataram que as empresas do empresário repassaram cerca de R$ 1 milhão para o escritório de advocacia da ex-mulher de Cabral, Adriana Ancelmo.

Questionado, Soares Filho disse que contratou o escritório de Adriana por recomendação do ex-governador. O empresário negou que o pagamento serviria como propina ao casal.

Foto: Jotta de Matos/Folhapress

 

OUTRO LADO

O advogado que representa Nuzman, Sérgio Mazzillo, afirmou que seu cliente não cometeu ilegalidades e que o processo de disputa a sede das Olimpíadas não contou com compra de votos.
Ele alegou que ainda não teve acesso aos autos do processo e que não faria mais comentários.
“Não há fortes indícios de nada. Ele [Nuzman] falou que não atuou de maneira nenhuma irregular. Nada de errado foi feito na campanha. Nenhuma ilegalidade foi cometida pelo meu cliente. As explicações serão dadas”, disse.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou que está a par da operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (5) que tem Carlos Arthur Nuzman como um dos alvos e tem feito “todo o esforço possível” para obter mais informações e, então, considerar quais medidas tomará.
“O COI soube destas circunstâncias [da operação] por meio da imprensa e está fazendo todo o esforço possível para obter o máximo de informações. É do mais alto interesse do COI esclarecer este assunto”, disse o comitê, por meio de nota.

(Folhapress)

 

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