Governo promete tolerância zero a traições em votação de denúncia

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Para reter apoio no plenário da Câmara dos Deputados, o governo de Michel Temer vai endurecer o discurso com sua base aliada e oferecer o apoio da máquina federal nas eleições de 2018 apenas aos deputados que votarem para barrar a segunda denúncia contra o presidente na quarta-feira (25).
Em conversas com parlamentares governistas, ministros e líderes partidários passaram a dizer que traições e omissões na votação desta semana não serão toleradas. Eles avisam que aqueles que ficarem contra Temer serão tratados como oposicionistas até o fim de seu mandato – e, portanto, não terão acesso a cargos e à estrutura do governo federal em 2018.

O ponto central do discurso do Planalto é o de que a votação da próxima quarta será a última oportunidade que os deputados terão para demonstrar fidelidade ao presidente e colher recompensas antes do ano eleitoral.
Nos próximos dias, os articuladores do governo reforçarão a ameaça de demissão dos aliados daqueles parlamentares que votarem contra Temer. A promessa é de que esses deputados não terão direito a novas nomeações até o fim do atual governo.

Trata-se de uma reedição da estratégia adotada pelo Planalto na votação da primeira denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente, em agosto.
Na ocasião, o governo também ameaçou retirar cargos de quem votasse contra Temer e demitiu, de fato, uma centena de aliados desses parlamentares. No entanto, o Planalto deixou a porta aberta para reaproximações.

Agora, ministros e líderes da base aliada querem uma política de “tolerância zero”. Eles dizem que os deputados que votarem a favor do prosseguimento da denúncia por organização criminosa e obstrução da Justiça contra Temer devem passar a ser tratados como adversários.

Planalto inicia projeções para votação de 4ª feira

O Planalto começou a traçar no fim de semana um mapa final com as projeções para a votação de quarta-feira. As previsões mais otimistas são de que Temer tende a repetir o placar da primeira denúncia, quando 263 deputados foram favoráveis ao presidente e barraram o andamento da ação.

Alguns aliados estimam que o governo pode até superar esse número. No próprio PMDB, por exemplo, três parlamentares que não estiveram na primeira votação prometeram marcar presença na sessão desta semana – e devem registrar votos a favor do presidente.
Temer recebeu auxiliares no Palácio do Jaburu e no Palácio da Alvorada neste domingo (22) para discutir os últimos movimentos antes da votação em plenário.