Filme sobre Edir Macedo provoca guerra de notas em sites de avaliação

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O filme “Nada a Perder”, cinebiografia autorizada sobre o bispo Edir Macedo, tem mobilizado uma guerra de avaliações na internet.
Em sites que permitem a seus usuários darem notas para longas em cartaz, a obra tem reunido um número incomum de notas máximas e uma torrente de notas mínimas.
No IMDb, mais importante banco de dados sobre audiovisual, o filme coleciona mais de 16.000 notas dez (a máxima) e quase 4.000 notas um (a mínima). A soma de votos entre as outras notas não chega a 400.
Como saldo, ficou com uma média de 7,4 -próxima dos elogiados “Que Horas Ela Volta?” (7,8) e “Aquarius” (7,6).
A própria Igreja Universal, fundada por Macedo, usa suas redes sociais para incentivar seus seguidores. “O filme mexeu com você? Deixe registrado nos sites que avaliam filmes”, sugere, em postagens que levam tanto ao IMDb e ao brasileiro AdoroCinema.
Mas a avalanche de notas mínimas (19% do total) também põe “Nada a Perder” em outro ranking do IMDb: o dos cem filmes do mundo com mais avaliações ruins. Está na 70ª posição, próximo da sci-fi “O Passageiro do Futuro 2” e do besteirol “A Saga Molusco”.
Procurada, a Igreja Universal afirma que isso “é um triste retrato da sociedade”. “Uma pequena minoria tem verdadeiro desprezo pela instituição”, informa, via assessoria.
No AdoroCinema, o filme reúne mais de 5.700 notas de usuários, das quais 95% são a máxima. Matthieu Thibaudault, publisher do site, afirma que o número total de avaliações está “acima da média”.
“Acreditamos que estes números têm grande influência da campanha que a Igreja Universal realizou em sua página oficial do Facebook”, afirma.
No começo do mês, o tema mergulhou o filme em controvérsia. À época, ele somava 15 mil avaliações no IMDb, todas com a nota dez. Isso o punha à frente de clássicos do cinema como “O Poderoso Chefão” (nota 9,2) e “Um Estranho no Ninho” (nota 8,9).
Mas o site recebeu denúncias de que parte das notas teriam sido dadas por robôs, como antecipou o colunista da Folha Mauricio Stycer em seu blog no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha de S.Paulo.
O IMDb apagou algumas resenhas positivas, ato que a igreja chama de “preconceituoso”. A partir dali, a média do longa despencou para os atuais 7,4 e as notas mínimas pipocaram. A reportagem entrou em contato com o IMDb, mas não obteve resposta.
O AdoroCinema informa ter checado as contas dos usuários que avaliaram o filme e que “não se trata de robôs, mas de novos cadastros de usuários reais”, afirma Thibaudault.
A Universal nega o uso de robôs para arregimentar notas máximas em ambos os sites.
“Ninguém pediu elogios ou notas altas”, informa a igreja. “Utilizamos nossa capacidade de mobilizar as pessoas para que o filme fosse assistido”.
E acrescenta: “A Universal não tem ‘robôs’, tem milhões de adeptos e seguidores nas redes sociais que existem e têm nome, e podem ser confrontados por qualquer veículo que queira confirmar”.
A Igreja Universal do Reino de Deus “lamenta que, novamente, o preconceito religioso dê o tom da cobertura da Folha sobre o filme ‘Nada a Perder'”. A instituição se refere à reportagem sobre o longa, que bateu recordes mesmo com salas vazias.

(Folhapress)
Foto: Reprodução