Fuvest aborda a importância do passado; 1º dia da 2ª fase tem abstenção de 7,7%

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A segunda fase da Fuvest, vestibular que seleciona para a Universidade de São Paulo (USP), teve questões de Língua Portuguesa com textos de Karl Marx, Chico Buarque e tirinha de Laerte. Já a prova de redação pediu que estudantes escrevessem sobre a “importância do passado para a compreensão do presente”. Segundo a Fuvest, foram convocados 35.371 candidatos para essa etapa, quantidade 62,3% maior do que em 2018. O primeiro dia de exame apresentou um índice de abstenção de 7,7%.

O exame foi elogiado por professores por seu caráter “contemporâneo”. A última etapa da Fuvest continua nesta segunda-feira (7), com questões específicas de acordo com a carreira escolhida.

Alguns dos temas das perguntas de Português foram patriarcado, ditadura militar e racismo. O texto de Karl Marx foi usado para discutir a figura histórica da mulher no capitalismo. Os candidatos também tiveram que analisar o gênero discursivo da letra da música “Meu Caro Amigo”, de Chico Buarque, que retrata um momento da ditadura militar. A tirinha da cartunista Laerte expunha problemas com burocracia.

Para Gabriela Carvalho, coordenadora de Redação do Curso Poliedro, a prova testou o conhecimento dos alunos. “A Fuvest, mais uma vez, não se eximiu do papel político que tem. Foi uma prova muito bem elaborada, que testou a capacidade de interpretação, não apenas do que está lendo, mas do mundo em que vive. A Fuvest trouxe questões menos conteudistas.”

Para a proposta de redação, a Fuvest desenvolveu o tema com textos que falavam sobre o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, o progresso na história da sociedade e sobre a memória da humanidade e uma imagem da escultura “Amnésia”, que retrata um menino negro jogando um balde de tinta branca na cabeça. Para professores de cursinho, a prova não trouxe surpresas.

Eva Albuquerque, professora de redação do Cursinho da Poli, afirmou que proposta da redação é “contemporânea” e não deve ter trazido dificuldades para os candidatos. “A proposta não prendia o aluno para falar apenas sobre o Museu Nacional ou racismo, mas pedia que ele explicasse a importância de se compreender o passado para entender o presente. Ele podia abordar questões sociais, políticas, culturais”, diz Eva.