Secretário de Segurança quer salário maior para policial e letalidade zero

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Há uma semana no cargo de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o general João Camilo Pires de Campos terá vários desafios pela frente. Em entrevista à Rádio Eldorado e ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, 9, ele comentou pontos centrais da área: déficit de efetivo das polícias, o que classificou como “considerável”, planejamento para aumento salarial dos agentes (“vencimentos extremamente modestos”) e letalidade em ações policiais (“a letalidade ideal para mim é zero, mas o policial tem de se proteger”).

Sobre a intenção do presidente Jair Bolsonaro em facilitar a posse de arma de fogo, o secretário não apresentou críticas. Leia a seguir os principais tópicos discutidos da entrevista:

Aumento de salário para policiais

“No meu entendimento, a solução da segurança pública passa por um triângulo equilátero, onde em um dos vértices trabalhamos a tecnologia – não se faz segurança pública sem tecnologia -, em outra ponta há a gestão, particularmente a inteligência, e no outro vértice há a valorização do pessoal. Isso já conversei bastante com o governador (João) Doria. Na valorização do pessoal está também a recomposição salarial. Isso é um objetivo espetacular para esse secretário de segurança pública. Na valorização de pessoal entra sim os vencimentos, que são extremamente modestos comparando com o resto do Brasil. O nosso policial, que sai de casa para proteger, merece uma atenção mais adequada nesse sentido. Nessa valorização também entram outros aspectos: o apoio ao profissional na sua melhoria técnica, apoio à família.”

Controle de armas

“A redução das taxas de homicídio (no Estado de São Paulo), como tantas outras, começou a ocorrer em 2001. De lá para cá muitas coisas ocorreram, com projetos adotados em todo o sistema de segurança pública. Sinceramente, não vejo como gravoso a posse da arma para o cidadão de bem, aquele cidadão que tem condições técnicas e psicológicas e pode manter sua arma segura. Isso sempre existiu antes do Estatuto do Desarmamento. Me lembro que na casa dos meus pais tinha uma arma em cima do guarda-roupa que era para dar segurança para a nossa pequena propriedade. Ele nunca usou, mas ela estava ali e nos sentíamos mais seguros com aquilo. Vamos observar como isso (mudanças encaminhadas por Jair Bolsonaro) vai acontecer. Não estou falando para porte, que é outra coisa. Não consigo ver um porte de maneira geral e irrestrita.”

Organizações criminosas

“Tenho convicção que vamos atuar sempre com rigor. É da minha natureza sempre atuar com sereno rigor. Foi assim que atuei nas ocupações das comunidades do Rio de Janeiro, foi assim que minha tropa no Complexo da Maré, foi assim que minha tropa atuou no Haiti. A marginalidade, indivíduos que vivem à margem da sociedade, serão enfrentados. Vocês verão operações em concurso com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal, o Rodovia Mais Segura. Trabalharemos juntos nas rodovias estaduais e federais.”

Transferência de Marcola

“Essa é uma solução de governo e depende de uma decisão judicial No envolvimento dessa solução há outros atores que precisam conversar e estamos conversando. Afianço que isso terá uma solução, mas não posso adiantar.”

Letalidade policial

“O policial não sai para matar. O policial sai para policiar. Só que ele tem que se proteger, pois ele nos protege. Já estive em muitas operações. Quando há a hipótese em que a tropa se vê em condição de ameaça, ela tem que agir. Se houver a identificação de uma pessoa armada, o policial precisa agir para esclarecer a situação. A letalidade ideal para mim é zero. Ela existe porque a população é enorme e há enfrentamentos. A nossa polícia tem que prender. O cidadão que está à margem da lei tem de ser retirado da sociedade. Isso se acerta com treinamento, instrução, prática. Ideal é uma quantidade cada vez menor. Índice do ano passado de janeiro a novembro na Polícia Militar em serviço foi de 585 mortes decorrentes de ações policiais. O que representa 585 em 45 milhões (população do Estado de São Paulo)? É um índice que vamos cada vez mais diminuir. Contudo, o policial tem que se proteger. O caso de Osasco os envolvidos estão presos e serão julgados. Não existe pequeno ou grande excesso, existe excesso. E ele é absolutamente condenável. E sempre que ocorrer cortaremos na carne, sim”, finalizou.

 

Foto:Renato S. Cerqueira AE