Marcola e 21 membros da cúpula do PCC são transferidos para presídios federais

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O governo de São Paulo transferiu na manhã desta quarta-feira, 13, o principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como “Marcola”, e outros 21 membros da cúpula da facção criminosa para presídios federais. A operação teve início na madrugada. Os presos estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Venceslau.
Eles serão levados para Mossoró, Brasília e Porto Velho. Sete foram transferidos porque haviam sido alvos da operação Echelon em 2018. Outros 15 porque fazem parte da sintonia geral final do PCC, com seu primeiro e segundo escalão. Policiais militares e agentes penitenciários da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) participaram da operação.
Marcola é o ultimo grande líder de facção criminosa do país a ir para a rede de presídios federais. Lá já estão seus rivais do Comando Vermelho e da Família do Norte e seus aliados do Terceiro Comando Puro.
O plano inicial, conforme foi apurado, era esperar alta do presidente Jair Bolsonaro, pois se temia possíveis reações da facção em São Paulo, o que não ocorreu até o momento. Todos os presídios de paulistas passaram por blitze simultâneas para evitar tumultos. A decisão foi tomada pelo secretário da Administração Penitenciária, Nivaldo Restivo. Em mais de 100 unidades prisionais do Estado existe presença de integrantes do PCC.
Os criminosos foram transferidos por decisão do juiz Paulo Zorzi, corregedor dos presídios, e a pedido do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente. “Essa é a maior operação já feita. Esperamos desarticular momentaneamente a cúpula da facção”, afirmou Gakyia.
Após a transferência, o governador João Doria (PSDB) e a cúpula da Segurança Pública do Estado de São Paulo concederam entrevista explicando a transferência. “O estado de São Paulo não será refém do crime”, afirmou Doria. “Nós preparamos muito bem para a execução desta medida por 51 dias e a negociação começou antes ainda de assumirmos o governo com o governo federal”, disse o governador. Ele disse que o estado, simplesmente, cumpriu uma determinação judicial.
A inteligência policial detectou planos da facção em outubro e novembro de 2018 de matar autoridades judiciais, o ex-secretário do governo da SAP Lourival Gomes, um diretor de presídio e um deputado estadual caso Marcola fosse transferido para o sistema federal. Todos estão com escolta reforçada desde que a Justiça confirmou que ia deferir o pedido de transferência dos presos.
O PCC movimenta quase US$ 800 milhões por ano no Brasil e tem cerca de 30 mil membros. É a maior organização criminosa da América do Sul. Com ligações com a máfia da Calábria (sul da Itália), passou a dominar o envio de cocaína da Bolívia para a Europa por meio de portos no Nordeste, Sudeste e Sul do país.

Ministério Público descobre plano
de resgate e aeroporto é fechado

De acordo com o MP, havia um plano de resgate de integrantes do PCC que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Venceslau. Os alvos do resgate seria Marcola e outros membros da facção.
Segundo o MP, na mesma ação, o líder havia sido condenado recentemente há 30 anos de prisão pela comarca de Presidente Venceslau. O total de penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.
O plano de resgate seria comandado por outro membro do PCC, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como “Fuminho”. Ele fugiu da Casa de Detenção em 1999, é procurado pela Justiça e teria se estabelecido na Bolívia, de onde enviava drogas e armas para Brasil, Europa, Ásia e África, diz o documento do MP.
O plano de resgate incluía o bloqueio de rodovias e o ataque à penitenciária de Presidente Venceslau e também o ataque ao Batalhão da Polícia Militar, além do corte de energia e comunicações nas unidades policiais do entorno.
A descoberta desse plano fez com que o aeroporto de Presidente Venceslau, que fica a apenas dois quilômetros, cerca de seis minutos, da unidade prisional fosse fechado por um mês. O aeródromo foi fechado no dia 10 de outubro de 2008, inclusive com colocação de barreiras físicas na pista por determinação da Justiça.

Cidades onde membros do PCC ficarão
detidos receberão reforço do Exército

O governo federal soltou um decreto específico autorizando o uso das Forças Armadas no entorno de presídios federais de Rondônia e Rio Grande do Norte para garantir a segurança das unidades prisionais para onde irá parte de cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem, no período de 13 a 27 de fevereiro de 2019, no Estado do Rio Grande do Norte e no Estado de Rondônia, para a proteção do perímetro de segurança das penitenciárias federais em Mossoró e Porto Velho, em um raio de dez quilômetros”, determina o governo federal.
Publicado no Diário Oficial da União, o documento é assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, pelo ministro do gabinete de Segurança Institucional, General Heleno, pelo ministro da Defesa Fernando Silva e pelo ministro da Justiça Sergio Moro.

Foto:Jorge Santos AE