CENTROS – Durante campanha eleitoral, prefeito de São Paulo prometeu construir 20 CEUs, mas apenas um foi inaugurado; déficit na educação infantil ultrapassa 80 mil crianças.
Em sua última campanha eleitoral, em meio aos holofotes da imprensa, o prefeito Fernando Haddad (PT) prometeu investimento pesado na área da educação e, em alto e bom tom, disse que construiria 20 Centros Educacionais Unificados (CEUs) em vários bairros da cidade. Prometeu e não cumpriu, pois a sete meses do fim do mandato, apenas um CEU, em Heliópolis, foi inaugurado; oito unidades estão em construção, com previsão de entrega em dezembro – depois das eleições municipais; sete em processo licitatório e quatro ainda para serem licitados no próximo mandato.
E quando o assunto é creche, que atende crianças de 0 a 3 anos, a situação não é menos complicada. Das 245 creches prometidas, apenas 38 foram feitas e o déficit na educação infantil ultrapassa 80 mil crianças fora da escola; o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (SINPEEM) fala em 140 mil crianças.
“A situação da educação infantil na cidade de São Paulo é delicada. A administração Haddad não está conseguindo universalizar a educação infantil e, no lugar de construir escolas e contratar professores, a prefeitura vem terceirizando no momento em que passou a contratar entidades conveniadas para atender nossas crianças. Hoje temos duas redes de ensino na cidade: a municipal e a paralela, que é a conveniada; esta é muito maior que a municipal. Nós lutamos para que verbas públicas somente sejam direcionadas para escolas públicas”, afirmou o professor José Donizete Fernandes, presidente em exercício do SINPEEM.
Sindicato diz que prefeito
não construiu nenhum CEU
O presidente em exercício do SINPEEM, professor José Donizete Fernandes, não concorda que, dos 20 Centros Educacionais Unificados (CEUs) prometidos por Haddad, apenas um (em Heliópolis) tenha sido entregue. “Haddad não entregou nenhum CEU, na concepção criada pela ex-prefeito Marta Suplicy, que reúne creche (crianças de 0 a 3 anos), educação infantil (de 3 anos e 11 meses até 5 anos e 11 meses) e educação fundamental (de 6 anos a 14 anos)”, bradou.
Segundo Donizete, o de Heliópolis trata-se de um Território CEU, “onde foi feito um ordenamento urbano e fizeram a junção de três escolas já existentes na região”. “É um equipamento que não dialoga permanentemente com os alunos e que, pela concentração excessiva de crianças, nós chamamos de ‘escolões’. E quero deixar claro que nós não concordamos com a política dos CEUs. Queremos escolas menores, com ensino de qualidade e com os alunos bem mais próximo dos professores”, disse.
Vereador diz que Haddad não fez
promessas, mas anunciou metas
O vereador Paulo Batista dos Reis (PT), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara, disse que Haddad não fez promessas, mas anunciou metas. “Meta não é promessa. Meta é o que a gente gostaria de atingir. E, de fato, ficou acertado na gestão criar 20 Territórios CEUs, com uma concepção diferentes dos CEUs existentes. Mas houve dificuldades de recursos, com o agravamento das crises política e econômica. Ainda assim, oito obras já estão em andamento”, observou Reis.
O parlamentar reconheceu que o maior problema na educação de São Paulo está nas creches, mas ele garante que o problema foi reduzido na gestão Haddad com a assinatura de convênios na educação infantil. “O déficit era de 220 mil vagas no início do governo Haddad, e caiu para 90 mil. As coisas acabaram não acontecendo no tempo certo”, afirmou.
Foto: Zanone Fraissat/Folhapress