Polícia não recupera nem 10% do valor roubado em mega-assaltos

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VALORES – Sindicatos de vigilantes e policiais dizem que nos últimos três ataques o valor chega ao menos a R$ 135 mi; desse total, somente R$ 10 mi foram apreendidos, ou 7,4%

Bombas, explosões que abalam prédios vizinhos, equipamentos que têm poder para derrubar aviões e roteiro pós-crime de relativo sucesso até aqui. Quadrilhas que fizeram mega-assaltos no interior de São Paulo nos últimos meses estão levando vantagem, até o momento, também na missão de esconder o dinheiro roubado dos cofres das empresas de transporte de valor.

Não se sabe oficialmente o valor exato roubado pelas quadrilhas em ações cinematográficas desde novembro em Campinas (duas vezes), Santos e Ribeirão Preto, mas sindicatos de vigilantes e policiais afirmam que só nos últimos três ataques o montante chega ao menos a R$ 135 milhões.

Desse total, somente R$ 10 milhões foram apreendidos pela polícia até aqui, o equivalente a 7,4%. Em comum, os quatro ataques foram realizados entre 4h e 4h30, em dias úteis, tiveram explosões e foram feitos sem pressa pelas quadrilhas, que trocaram tiros com policiais. Na fuga, a ação mais comum foi atear fogo em carros e/ou usar veículos para interditar ruas.

Três das ações tiveram como alvo a empresa Prosegur. Criticada pela polícia, a empresa alega ser vítima e que sua estrutura suporta ataques de até 30 minutos, tempo “suficiente” para a chegada dos agentes.

A onda de ataques teve início em novembro, quando cerca de 20 homens com fuzis e explosivos atacaram a Prosegur em Campinas, trocaram tiros com policiais militares e destruíram transformadores de energia. Após o roubo, atearam fogo num caminhão e deixaram outro atravessado na rodovia Santos Dumont, para bloquear a passagem.

Quatro meses depois, na mesma cidade, mas na empresa Protege, três paredes foram explodidas pela quadrilha, numa ação que durou uma hora e meia. Depois, ela incendiou três veículos num trevo entre a Anhanguera e a mesma Santos Dumont.

No mês seguinte, foi a vez de a Prosegur ser novamente assaltada, em Santos. Além de fuzis e explosivos, ladrões usaram um caminhão para destruir o portão da empresa, que ficou totalmente destruído. Na fuga, trocaram tiros com a PM em quatro locais de Santos e em Cubatão, na rodovia Anchieta. Três pessoas morreram, sendo dois policiais.

Na última ação do tipo, semana passada, em Ribeirão Preto, num roubo em que foram disparados mais de mil tiros, 2.265 imóveis ficaram sem energia e até uma retroescavadeira foi usada para bloquear ruas no entorno da Prosegur, numa ação que resultou em duas mortes.