LEALDADE – Esta foi a primeira ação anti-terrorismo após a aprovação da lei que tipificou crimes dessa natureza; ao menos quatro presos juraram lealdade ao Estado Islâmico
A Polícia Federal prendeu nesta quinta (21) dez brasileiros suspeitos de atos simpáticos a terrorismo que poderiam atingir a Olimpíada do Rio, que começa no dia 5. Ao todo, foram expedidos 33 mandados judiciais, sendo 12 de prisão, nos Estados de Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Dois alvos ainda não tinham sido capturados até a noite desta quinta.
As forças de segurança vinham monitorando cem pessoas que manifestavam simpatia ao Estado Islâmico no Brasil. Os dez presos compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança.
Um dos presos é Vitor Barbosa Magalhães, morador de Guarulhos. Localizada pela reportagem, a mulher dele, Larissa, disse que o marido se converteu ao islamismo e aprendeu a falar árabe numa viagem ao Egito, em 2012. “Tenho certeza absoluta que meu marido não é terrorista. Estou com ele há muito tempo e saberia se fosse.”
Esta foi a primeira ação anti-terrorismo realizada após a aprovação da lei que tipificou crimes dessa natureza. Embora não haja registros de contatos diretos com terroristas, um dos suspeitos chegou a entrar em contato com empresa de armas para comprar fuzil AK-47, o que acabou não acontecendo.
Pelo menos quatro, segundo as investigações, fizeram o juramento de lealdade ao Estado Islâmico por meio de um site da internet que oferece uma gravação do texto que deve ser repetido por quem deseja fazer parte da facção.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, classificou o grupo como “amador” e disse que os fatos descobertos pela operação não alteram o grau de temor do governo em relação a possíveis investidas de facções extremistas.
“Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo. Se fosse preparada não tentaria comprar arma pela na internet. E não aumenta em nada o nível de alerta. Já estávamos mapeando essa situação”, disse o ministro, que manteve o discurso de que a criminalidade no Rio preocupa mais que o risco de atentados durante os Jogos. De acordo com Moraes, o grupo, que se auto-intitulava Defensores da Sharia, se comunicava pela internet e tinha um líder.