Tráfico continua depois de ação policial na região da cracolândia

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PRISÃO – Operação policial de sexta-feira que terminou com a prisão de 32 suspeitos de abastecer o local com entorpecentes; entre os detidos, integrantes do MSTS

O tráfico e o consumo de drogas continuam a todo vapor na cracolândia (região central), mesmo após a operação policial de sexta-feira que terminou com a prisão de 32 suspeitos de abastecer o local com entorpecentes. Nesta segunda-feira (8), usuários fumavam crack livremente e formavam um “fluxo” de mesmo tamanho que na semana passada.

Entre os detidos na sexta-feira estavam líderes do MSTS (Movimento Sem Teto de São Paulo), suspeitos de usar uma ocupação no antigo Cine Marrocos como base para praticar o tráfico na região, sob as ordens do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Durante a operação, as polícias Civil e Militar, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), aprenderam 10 kg de crack, 25 kg de maconha, um revólver e quatro carabinas. A ação teve 650 integrantes das forças de segurança.

O que se viu hoje é que nada mudou nas alamedas Dino Bueno, Helvétia e largo Coração de Jesus, o “epicentro” da cracolândia. Usuários consumiram crack durante todo o dia, às vistas de todos, e foi possível ver a distribuição das pedras entre eles sem ação policial.

“No sábado à noite mesmo fomos conversar com eles [usuários] e estava tudo como antes”, afirma o missionário Tiago Nogueira, 34 anos, que trabalha em um projeto de combate ao crack.

Quem trabalha por perto também não viu diferença alguma. “Não mudou nada. Continua aquele mau cheiro de sempre e eles seguem fumando”, disse o atendente Jefferson Ferreira, 19 anos.

Guardas Civis Metropolitanos, da gestão Fernando Haddad (PT), agentes de saúde dos governos estadual e municipal, todos são unânimes em dizer que nada mudou. “Só aumentou a abordagem, porque o uso continua o mesmo”, diz o segurança Edvaldo Ferreira Queregatte, 36 anos.