Marta, Haddad e Doria trocam ataques em 1º debate

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – De olho em uma vaga no segundo turno, os candidatos Marta Suplicy (PMDB), Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB) trocaram farpas no primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo na campanha, promovido pela TV Bandeirantes nesta segunda-feira (22).
Temas locais predominaram, com algumas referências à crise política nacional, especialmente em ataques de Doria a Haddad.
Líder no Datafolha, com 25%, o deputado Celso Russomanno (PRB) foi preterido pelos adversários no momento de escolha de perguntas e passou a maior parte do encontro sem ser provocado.
Haddad se concentrou em listar obras e projetos e se defender de ataques dos adversários. Foi criticado por Russomanno, Doria e Marta em assuntos como a gestão da saúde pública, o fim da inspeção veicular e a redução da velocidade máxima permitida em grandes avenidas.
Em sua primeira oportunidade de fazer perguntas, o candidato à reeleição escolheu Marta e deu estocadas na ex-correligionária.
Chamou-a de “candidata do PMDB”, em uma referência ao fato de ela ter trocado de partido.
Marta disse ao longo do programa que “nunca mais” vai “criar taxa alguma” e procurou trazer ao debate bandeiras de sua gestão, como os CEUs (Centro Educacional Unificado) e o programa de financiamento São Paulo Confia. Mas em várias ocasiões disse que a gestão atual sucateou esses projetos.
Ao discutir com Doria o transporte público, Haddad disse que o adversário não conhece a cidade e que deveria ir à periferia. “Essa classe social gosta de fazer turismo na periferia”, disse o petista.
Marta também atacou a imagem do candidato do PSDB e disse que “São Paulo não é um reality show”, em referência a um programa de TV que Doria apresentava.
O tucano rebateu, vinculando Marta ao PT, como ao falar que o “ex-partido” dela criou cargos como “penduricalhos”. Também disse que vai incentivar a economia.
QUESTÕES NACIONAIS
Doria e Major Olímpio (SD) tentaram ligar Haddad ao governo Dilma Rousseff e a escândalos de corrupção. O candidato do Solidariedade chegou a tachar no início do debate a gestão petista na cidade de “metástase”.
Haddad chegou a ser questionado, por Olímpio, sobre a prisão do marqueteiro João Santana, que trabalhou em sua campanha de 2012.
O petista respondeu mencionando um escândalo da época do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e afirmou que recuperou dinheiro desviado na obra da avenida Águas Espraiadas (atual Roberto Marinho) e que combateu a corrupção na estrutura municipal. Disse ainda que o PSDB tem ex-presidentes citados em delações premiadas.
Olímpio concentrou suas falas em segurança pública e pregou “tolerância zero para vagabundo”. Falou ainda que os pancadões (festas com som alto no meio da rua) têm tráfico e “sexo a céu aberto”.
Assuntos como a cracolândia e o aumento de impostos também geraram polêmica.
Russomanno prometeu baixar os tributos para que a economia da cidade volte a crescer. O petista disse que propôs durante o mandato o aumento do IPTU para atualizar índices e defendeu a redução de impostos sobre imóveis na periferia.
Marta criticou a criação de uma TV municipal, defendida pelo prefeito, e disse que ciclovias não são “prioridade” para o município.
PROTESTO
A candidata Luiza Erundina (PSOL), que não teve sua participação no debate autorizada por adversários, fez um ato em frente à TV Bandeirantes para protestar.
Além de falas contra Marta, Doria e Olímpio, que foram contra a participação dela, Erundina atacou Haddad e Russomanno por terem ido ao encontro sem ela, mesmo depois de defenderem sua participação. Em pesquisa do Datafolha em julho, ela apareceu em terceiro lugar, com 10%. A legislação garante a participação apenas dos candidatos de partidos com mais de nove deputados na Câmara –o PSOL tem seis.
Após o ato, Erundina se dirigiu a uma casa nas proximidades do estúdio, cedida por uma apoiadora para fazer transmissões ao vivo pela internet sobre o debate.
“Não dá pra saber o que os candidatos querem para São Paulo. Atacam um e outro, mas não têm proposta.”