ASSEMBLEIA – Os depoentes isentaram políticos e servidores estaduais de participação no esquema e acusaram um promotor e três delegados de polícia de ameaça e coação
Dois ex-integrantes da cooperativa suspeita de fraudar a merenda escolar em São Paulo prestaram depoimento, nesta terça (16), à CPI que apura o caso na Assembleia Legislativa. Eles isentaram políticos e servidores estaduais de participação no esquema e acusaram um promotor e três delegados de polícia de ameaça e coação.
Foram ouvidos Carlos Alberto Santana da Silva, ex-vice-presidente da Coaf, e Carlos Luciano Lopes, ex-vendedor da entidade. A Coaf firmou contratos com prefeituras e com a Secretaria Estadual da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Ao final da sessão, o deputado Barros Munhoz (PSDB) afirmou que houve um “complô” entre delegados de polícia e promotores com o objetivo de desgastar o governo. O tucano também criticou a cobertura da imprensa.
Silva, ex-vice-presidente da Coaf, confirmou que ouvia o ex-presidente Cássio Chebabi e o lobista Marcel Ferreira Julio dizerem que parte da propina dos contratos com o Estado era repassada ao deputado estadual Fernando Capez (PSDB). Relatou ainda que Chebabi e Marcel diziam que outros políticos ganhavam “comissão”, como os deputados federais Baleia Rossi (PMDB-SP) e Nelson Marquezelli (PTB-SP). Todos negam envolvimento no caso.
Na opinião de Silva, porém, o dinheiro não chegava até os agentes públicos. “Não havia esse tipo de repasse [para políticos]. Para mim, [Chebabi e Marcel] ficaram com o dinheiro para eles”, disse.
O depoimento Lopes foi na mesma direção do de Silva, mas com alvos diferentes. Lopes atacou os delegados de polícia que iniciaram a investigação. Segundo o ex-vendedor, os delegados de Bebedouro o coagiram para que ele incriminasse políticos em seu depoimento. Lopes é o ex-funcionário da cooperativa que foi fotografado sorrindo com maços de dinheiro na mão -a imagem veio a público em abril.