TARIFAS – O sistema de ônibus em São Paulo não consegue se manter apenas com as tarifas que cobra dos usuários – por isso recebeu cerca de R$ 2 bilhões da prefeitura em 2015
A estratégia do Uber de incentivar corridas compartilhadas de média distância na cidade de São Paulo pelo preço promocional de R$ 6, similar ao da integração entre ônibus, metrô e trens, acendeu um alerta em empresários do transporte coletivo.
Assim como perderam passageiros para as lotações nos anos 90, a preocupação agora é que a concorrência do aplicativo provoque migração de usuários e desorganização do serviço prestado sob contratos de concessão ou permissão – a exemplo do que ocorreu no mercado de táxis.
O Uber começou a testar nesta semana, em caráter temporário (inicialmente até 16 de setembro), a tarifa fixa de R$ 6 para uso de carros em sistema compartilhado (com até quatro passageiros dentro do carro) numa área previamente delimitada e nos horários de pico da semana (das 7h às 11h e das 17h às 20h)
A área tem bairros da zona oeste (como Pinheiros e Perdizes), sul (como Campo Belo e Santo Amaro) e centro (como República e Bela Vista). O passageiro, porém, não pode ter pressa: precisa estar sujeito ao sobe-e-desce e a vários desvios de caminho.
Num teste da Folha de S.Paulo em rota de 5 km entre as estações Brigadeiro e Sumaré do metrô, a viagem que levaria 15 minutos de carro durou 41 minutos no Uber de R$ 6. Um usuário chegou a desistir da corrida depois que a rota já havia sido desviada para buscá-lo.
Da Pompeia (oeste) ao Morumbi Shopping (sul), por exemplo, em percurso de mais de 13 km, a viagem de transporte público (trem e ônibus) custa R$ 5,92 – apenas R$ 0,08 menos que no aplicativo. Na categoria não compartilhada da Uber, sairia por R$ 40. De táxi, por R$ 50.
O sistema de ônibus em São Paulo não consegue se manter apenas com as tarifas que cobra dos usuários – por isso recebeu cerca de R$ 2 bilhões da prefeitura em 2015. Viações temem que aplicativos como Uber entrem nesse segmento, como já ocorre no exterior.