Monotrilho de SP vira abrigo de usuários de drogas na zona sul

SÃO PAULO, SP - 25.08.2016: OBRAS-MONOTRILHO - Canteiro de obras da linha 17 Ouro do Monotrilho, na zona sul da capital paulista, na manhã desta quinta-feira, 25. (Foto: Marco Ambrosio/FramePhoto/Folhapress)
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RISCO – O Metrô e a secretaria estadual dos Transportes Metropolitanos disseram que preparam um relatório sobre a presença de pessoas em situação de risco no local

Usuários de drogas ocupam hoje o que um dia foi a obra de mobilidade urbana mais esperada de São Paulo. No canteiro central da avenida Roberto Marinho, na zona sul da capital, usuários de drogas improvisam abrigos sob as vigas abandonadas do monotrilho da Linha 17-ouro. Para moradores e comerciantes locais, o atraso da obra ajudou a degradar a região, que nos últimos anos teve uma valorização imobiliária.

A maior concentração de usuários é próxima ao cruzamento da avenida Vereador José Dinis. Por ali, é possível ver lixo revirado, entulhos da obra do Metrô e as pequenas barracas improvisadas por usuários de droga. A maioria delas é construída com lonas, cobertores e não chega a ter um metro de altura.

Para um gari, que trabalha na região e não quis se identificar, no último ano, a concentração de usuários de droga aumentou já que seguranças dos condomínios de Campo Belo começaram a expulsá-los do bairro. Jorge (nome fictício), um dos moradores de rua sob as vigas do monotrilho explica: “Eu sou nascido e criado nas Águas Espraiadas [nome da região ao longo do córrego de mesmo nome]. Isso era favela, depois virou avenida, e agora a gente está aqui porque é tranquilo, ninguém mexe nas nossas coisas”, conta.

Em junho deste ano, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse que o Metrô, responsável pela obra, cuida do canteiro da linha e pediu à polícia que retirasse os usuários de droga do local. O caso, porém, nunca foi solucionado.

A obra do monotrilho linha 17-ouro, foi prometida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para ficar pronta até a Copa de 2014. Ela ligaria o aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi. Mas, após seguidos atrasos e o abandono da obra, um novo consórcio foi contratado em junho para terminar a linha, que agora irá apenas até a estação Morumbi da CPTM.

O Metrô e a secretaria estadual dos Transportes Metropolitanos disseram que preparam um relatório sobre a presença de pessoas em situação de risco no local. O relatório deve ser encaminhado para a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e deverá pedir atenção à população. O consórcio da obra deverá ainda reforçar as rondas pelo canteiro de obras.