Sindicato diz que CBF pressiona árbitros que erram contra o Palmeiras

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O presidente do Sintrace-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Arbitragem Esportiva do Estado do Rio de Janeiro), Marçal Mendes, afirmou nesta segunda-feira (7) que árbitros brasileiros são pressionados para que não cometam erros em jogos do Palmeiras. Segundo ele, essa pressão vem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que é presidida por Marco Polo Del Nero, conselheiro vitalício do Palmeiras e do sócio benemérito do clube.
“Se o árbitro erra contra o Palmeiras lá dentro [do Allianz Parque], fica fora da escala [para outros jogos]. Duvido que seja indicado para uma vaga da Fifa”, afirmou Mendes. “Todo mundo sabe o motivo. Sabe que Marco Polo é sócio benemérito do Palmeiras.”
Marçal discursou em audiência pública promovida pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), no Rio. Lá, o sindicalista afirmou que os árbitros brasileiros estão sujeitos a pressão por terem uma relação trabalhista frágil com a CBF, que escala a arbitragem. Ao apitar jogos do Palmeiras, acabam sujeitos a uma pressão ainda maior.
A reportagem entrou em contato com o Palmeiras e com a CBF, mas não recebeu retorno até a tarde desta segunda.
Mendes é autor de uma denúncia que motivou a abertura de um inquérito no MPT sobre a situação da arbitragem nacional. A investigação é comandada pelo procurador Rodrigo Carelli há mais de um ano. Conforme o “Blog do Rodrigo Mattos” já revelou, Carelli já detectou que a escala de árbitros brasileiros não segue critérios objetivos.
Mendes disse que a CBF evita determinar regras claras para escala de árbitros justamente para que possa manter certa pressão sobre a arbitragem. Mendes disse que, desde de que Del Nero assumiu à CBF vindo da FPF (Federação Paulista de Futebol), erros contra clubes paulistas têm sido tratados com mais rigor pela CBF. “Erros contra paulistas têm mais repercussão”, disse.
Também participaram da audiência púbica representantes da Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol) e outros sindicatos de árbitros. A CBF não enviou representantes à sessão. A Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) tinha delegados na audiência.

VINICIUS KONCHINSKI
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS)