Um dia após a morte de quatro policiais na queda de um helicóptero no Rio, a Cidade de Deus, na zona oeste da cidade, amanheceu cercada por policiais, em uma ocupação por tempo indeterminado iniciada na madrugada deste domingo (20). No final da manhã, moradores resgataram sete corpos em uma mata na região. Familiares dizem que a polícia é responsável pelas mortes.
A ocupação foi decidida em reunião de emergência após a queda do helicóptero e envolve efetivos do Comando de Operações Especiais, batalhões das redondezas e soldados da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Durante o dia, eles controlaram os acessos à Cidade de Deus e fizeram buscas no interior da comunidade. Cinco suspeitos foram presos e armas e drogas, apreendidas.
No início da noite de sábado, um helicóptero do Grupamento Aéreo Militar que dava apoio a uma operação policial caiu na região. O major Rogério Melo Costa, 36, o capitão Willian de Freitas Schorcht, 37, o subtenente Camilo Barbosa Carvalho, 39, e o 3º sargento Rogério Félix Rainha, 39, morreram na hora.
A autópsia nos corpos não identificou marcas de tiros. Análise preliminar feita pela polícia no helicóptero também não identificou perfurações na fuselagem. Uma resposta definitiva sobre as causas do acidente, porém, depende de investigação a cargo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Procurada, a Aeronáutica informou que o laudo não ficaria pronto neste domingo.
Os confrontos na comunidade começaram na sexta (18) mas ganharam intensidade no sábado, depois que um carro da polícia foi atacado em uma das vias de acesso. O domingo foi de muita tensão, com relatos de tiroteios e alertas para que os moradores evitassem sair de casa. Linhas de ônibus foram desviadas e o posto de saúde passou o dia fechado. Duas estações do BRT perto da Cidade de Deus foram atacadas por vândalos.