Nas duas últimas semanas, na esquina das ruas do Arouche e Aurora, no centro de São Paulo, a travessia de pedestres é uma aventura, e a buzina dos veículos já parece até natural ao ambiente. “Não sei como ainda não deu nenhum acidente grave”, diz Jacy Fernandes Neto, 35, motorista e instrutor de autoescola. “A gente tem que driblar os carros pra atravessar”, reclama João Batista, 50, pedestre e gerente de loja.
Esse cruzamento é só um entre os milhares de São Paulo que têm sofrido com falhas de semáforos. O problema tomou tamanha dimensão que agentes de trânsito reconhecem: mesmo em dias sem chuva, é quase impossível sair de casa e não passar por algum sinal com defeito, principalmente na região central.
Apenas neste ano houve 5.765 falhas até 17 de março, média de 76 por dia. A cidade tem 6.387 semáforos – ou farol, como dizem paulistanos, sinaleira, segundo paraenses, e sinal, para cariocas. Para amenizar os transtornos, equipes da CET, a companhia de tráfego da prefeitura, têm improvisado bloqueios com uso de cones. Há diferentes motivos para esse nó diário no trânsito.
Por exemplo, a falta de manutenção – os contratos, encerrados no fim da gestão Fernando Haddad (PT), ainda não foram renovados na gestão João Doria (PSDB). Existe também uma histórica defasagem de modernização da malha semafórica – 81% ainda não “conversam” com a central da CET.
Para completar, houve uma aumento de quase 30% nos furtos e vandalismo – até 21 de março, foram registrados 198 casos do tipo, grande parte no centro, atingindo fios, sistemas e componentes dos circuitos dos semáforos.