Grupo pede a Doria solução para nova cracolândia sob a obra do monotrilho

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Síndicos de 30 condomínios e moradores de casas do Campo Belo e do Brooklin, na zona sul de São Paulo, tentam articular uma reunião com o prefeito João Doria (PSDB) para resolver a cracolândia surgida sob as vigas do monotrilho do Metrô. A obra da linha 17-ouro – para a ligação do aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi e que ficaria pronta antes da Copa de 2014 – reúne de famílias em situação de rua a dependentes químicos, que atravessam perigosamente a via expressa. A última promessa é que seja entregue até o final de 2019.

O grupo busca o envolvimento do prefeito apesar de a obra ser estadual. “Doria prometeu ser gestor, então queremos que ele faça parte da resposta, com cronograma e prazos”, diz Ana Paula Minervini, síndica de um condomínio a uma quadra da av. Jornalista Roberto Marinho.

O jardim sem grades do condomínio de Ana Paula virou mictório. As lixeiras já foram roubadas algumas vezes. Fios de semáforos são roubados e derretidos nas calçadas. Os vizinhos até criaram um aplicativo para compartilhar alertas e casos sobre a insegurança. Minervini diz que o grupo já havia feito queixas para a gestão Alckmin e para a do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). “Fomos ignorados.”

A obra anunciada pelo então governador José Serra (PSDB), em 2009, seria “mais rápida e mais barata” que o metrô subterrâneo, mas já se tornou mais lenta e quase tão cara quanto a vizinha (e subterrânea) linha 5-lilás.

Originalmente orçada em R$ 3 bilhões, a obra deve custar mais de R$ 5 bilhões. Ainda assim, a chamada linha 17-ouro do monotrilho já perdeu 10 km e 11 estações do projeto original. Agora, foi reduzida para 7,7 km e oito paradas, ligando o aeroporto de Congonhas à estação da CPTM do Morumbi.

A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura, Soninha Francine, disse que um plano envolvendo várias secretarias municipais está em planejamento e que deve começar ainda no primeiro semestre. “Não é com uma ação de um dia que conseguiremos resolver. Precisamos de um plano concreto, de quantas vagas precisaremos para acolhimento, saúde, não queremos enxugar gelo”, disse. “Compartilhamos a impaciência dos moradores.”

A assessoria do Metrô afirmou que o consórcio construtor faz “limpeza e manutenção” periódicas nos 7,7 km do monotrilho. “A presença de moradores de rua na região é uma questão que compete à prefeitura”, diz a nota.