Nem sempre reformar um imóvel velho vale a pena. Em alguns casos, construir do zero pode ser mais vantajoso do que restaurar danos estruturais graves e trocar instalações elétricas e hidráulicas.
Para saber qual é a melhor escolha, é colocar tudo na ponta do lápis. “Antes de reformar, deve-se fazer uma avaliação do que se quer modificar, do impacto da obra, do custo e de quanto isso vai agregar valor ao imóvel”, diz Miriam Addor, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura.
O primeiro passo, então, é contratar o serviço de um profissional habilitado, engenheiro ou arquiteto, para verificar o que precisa ser feito e elaborar um orçamento. Imóveis com mais de duas décadas, que não passaram por nenhuma modernização, quase sempre possuem instalações elétricas e hidráulicas ultrapassadas.
“Há 40 anos, o projeto não previa tantos equipamentos eletrônicos, por isso a fiação pode estar subdimensionada”, explica João Carlos Gabriel, coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas.
De acordo com ele, antigamente as tubulações hidráulicas eram feitas de chumbo ou ferro galvanizado. Nesse caso, o indicado é trocás-la por canos de PVC, para evitar corrosão do material, vazamentos e liberação de partículas de óxido na água.
Se por um lado a reforma pode resultar em trabalho dobrado (tirar o que está velho e colocar materiais novos), construir do zero significa fazer fundação e estrutura, o que deixa a obra mais complexa e cara.
Se a pessoa já for proprietária do imóvel antigo e tiver interesse em morar no local, a melhor alternativa é restaurá-lo, ainda que haja a necessidade de grandes alterações, segundo o arquiteto Marcos de Oliveira Costa, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da FAAP.
“Só não vale a pena reformar se houver um abalo estrutural muito grave, difícil de ser resolvido”, avalia.
Engenheiro opta por reforma radical e quebra tudo em casa
O engenheiro Allyrio Omodei, 67, optou pelo quebra-quebra. Dono de um imóvel de 100 m² na Vila Madalena há mais de três décadas, ele apostou em uma reforma radical para deixar o espaço habitável para a filha.
“Não tinha como fazer uma maquiagem. Precisamos mexer em praticamente tudo”, conta. O apartamento ficou fechado por dois anos, desde que a família se mudou para outro endereço.
Tudo que era de madeira foi tomado por cupins: pisos, armários, portas e batentes. Além disso, o encanamento e as instalações elétricas estavam deteriorados e precisaram ser trocados.
Para Costa, da Faap, se o proprietário quiser vender o imóvel, o restauro só será interessante na medida em que o retorno compensar o gasto. “A desvantagem de uma grande reforma é que dificilmente o mercado vai pagar pelo valor investido.”
Outra questão a ser colocada na balança são as surpresas que vêm com a obra. “Pode-se descobrir, no meio do caminho, que o problema era maior do que se previa”, diz o engenheiro Paulo Manzini, gestor do projeto Casa Cerâmica – técnica de construção, cujas paredes, feitas de blocos cerâmicos, podem ser erguidas em até 20 horas.
Segundo o especialista, levantar uma casa do zero é uma opção vantajosa sobretudo em um terreno livre. “O custo de demolição deve ser levado em conta. Às vezes, vale mais a pena pegar o dinheiro que usaria na reforma, juntar com o da venda da propriedade e construir em outro local”, afirma.