Cracolândia tem dia de confronto, saques e tiros entre usuários, PMs e Guarda Civil

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A cracolândia, no centro de São Paulo, foi palco nesta quarta-feira (10) de tumulto e confronto envolvendo usuários de drogas, guardas municipais e policiais militares, disparo de tiros, barricadas com objetos incendiados e ataques a lojas, que chegaram a ser saqueadas. A confusão começou após a Guarda Civil Metropolitana deter um suspeito de furto de celular. A ação resultou em tumulto, e a PM foi acionada.

Com a chegada da tropa de choque, moradores de rua colocaram fogo em pedaços de madeira e pneus velhos nas vias. A PM lançou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra usuários de drogas, que atacaram pedras. Segundo a polícia, houve disparos de arma de fogo em direção aos guardas, e uma pessoa foi atingida no braço (sendo socorrida e liberada).

Durante mais de uma hora de tumulto e correria, um ônibus com passageiros chegou a ser invadido, e comerciantes da rua General Osório e da av. Rio Branco fecharam as lojas com medo do confronto.

Um fotógrafo teve seu celular e carteira roubados. Segundo a PM, um homem foi detido sob suspeita de ter atirado e outro por manter uma garrafa com combustível que teria sido usado nas barricadas.

A confusão foi seguida de ataques e saques a lojas. “Tinha muita gente, umas 500 pessoas. Eles passaram correndo por aqui e todo mundo começou a fechar as portas”, afirmou Valdevi Azevedo, comerciante da Santa Efigênia, tradicional ponto de comércio de eletrônicos. Sem querer se identificar, alguns lojistas da General Osório disseram que um dos homens que participou dos saques acabou espancado na rua por outras pessoas.

 

Região teve morte de ex-viciado que tentou resgatar dependente

 

O confronto violento na cracolândia ocorre na mesma semana em que um ex-viciado foi encontrado morto no centro, após ter ido resgatar uma dependente na região. Para a polícia, a vítima foi morta por traficantes ligados à facção criminosa PCC enquanto buscava uma viciada na cracolândia para interná-la – a pedido da mãe.

Alvo de ações de Estado e prefeitura nos últimos anos, incluindo as gestões Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), a cracolândia ainda mantém feira de drogas a céu aberto, com barracas que agrupam moradores de rua, viciados e traficantes.

A gestão João Doria (PSDB) prometeu começar a acabar com a cracolândia ainda neste semestre, em parceria com Alckmin, com a recuperação do espaço e atendimento dos viciados por meio de um novo programa, batizado de Redenção.