Antiga cracolândia tem novo projeto, mas futuro é incerto

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 31.05.2017: CRACOLÂNDIA-SP- Vista do antigo local da Cracolândia, onde as ruas eram tomadas por dependentes químicos usuários de crack na região central de São Paulo (SP) nesta quarta (31). (Foto: Carlos Junior/Onipress/Folhapress)
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Palco de uma operação que prendeu traficantes e dispersou usuários de drogas, a região da antiga cracolândia de São Paulo é alvo de novo projeto de mudança. Questionada por urbanistas e pela Promotoria, porém, a reformulação tem futuro incerto. A proposta abrange dois quarteirões delimitados pelas ruas Glete e Helvétia e pelas alamedas Cleveland e Barão de Piracicaba, no centro.

O novo desenho foi feito a pedido da prefeitura pela construtora Canopus e pela secretaria Estadual de Habitação, afirma Rodrigo Garcia, titular da pasta do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, a solicitação é anterior à operação policial realizada no último dia 21. Depois da ofensiva, a concentração de usuários de drogas migrou cerca de 400 metros, da área alvo do projeto para a praça Princesa Isabel.

Na antiga cracolândia, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) removeu moradores e deu início a uma ação para demolir imóveis. A medida foi interrompida após uma escavadeira atingir uma casa com três pessoas, e a Justiça proibir o município de interditar imóveis sem encaminhar os moradores para programas de saúde e habitação.

Na sexta-feira (2), uma nova ação ameaçou os planos do prefeito para o local. Nela, o Ministério Público pede a proibição de remoções na área e o veto ao início de qualquer projeto urbanístico sem discussão com a população.

A nova proposta para a antiga cracolândia, segundo o secretário estadual de Habitação, inclui os dois quarteirões na PPP (parceria público-privada) da Habitação, que já prevê 1.642 unidades de moradia na região da Luz.

O desenho, que ainda depende de aval da prefeitura, prevê um CEU (Centro de Educação Unificado), um posto de saúde, duas áreas de serviços e comércio e quatro de habitação. Seriam 394 apartamentos para famílias com renda de até cinco salários mínimos e 42 para a faixa de até dez salários.

Parte das edificações manteria as fachadas originais, diz Garcia, pois a região tem mais de dez imóveis tombados. Segundo ele, se o estudo for aprovado, e a desapropriação feita, as obras podem começar em até seis meses e terminarem no fim de 2019.