Ex-prefeito será intimado a depor por declaração sobre propina no Itaquerão

SÃO PAULO, SP, 21.02.2017: CORINTHIANS-PALMEIRAS - Vista aérea da Arena Corinthians (Itaquerão) - Treino do Corinthians realizando nesta terça-feira (21), na Arena Corinthians, na zona leste de São Paulo (SP). Nesta quarta-feira (22), às 21h45, Corinthians e Palmeiras disputam o primeiro clássico do ano do centenário. (Foto: Luis Moura/WPP/Folhapress)
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O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) será intimado pela Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo a prestar depoimento sobre sua declaração de que o promotor de Justiça Marcelo Milani teria supostamente pedido propina de R$ 1 milhão para não ingressar com ação judicial contra a lei que permitia à prefeitura emitir R$ 420 milhões em títulos chamados CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento), que ajudaram o Corinthians a viabilizar a construção da Arena em Itaquera. A afirmação foi feita em texto publicado no site da revista Piauí.

No texto, Haddad diz que no último ano de seu mandato ficou sabendo “de um suposto incidente gravíssimo envolvendo o promotor de Justiça Marcelo Milani”. “Fui informado de que, para não ingressar com a ação judicial, o promotor teria pedido propina de R$ 1 milhão”. “Não me restava alternativa como agente público senão levar o fato relatado ao conhecimento da Corregedoria-Geral do Ministério Público, para que fosse devidamente apurado”.

Em 2012, Milan entrou com ação judicial por improbidade administrativa contra o então prefeito Gilberto Kassab, o Corinthians e a construtora Odebrecht. Os três foram acusados de uso irregular de incentivos fiscais para financiar o empreendimento. A ação, arquivada em 2015, pedia que o ex-prefeito, o clube e a empreiteira pagassem indenização de R$ 1,7 bilhão aos cofres públicos.

Procurado pela reportagem, o ex-prefeito Haddad disse via assessoria de imprensa que “está à disposição da Corregedoria-Geral do Ministério Público para reiterar o que já via dito”. Em seu texto na revista Piauí, Haddad explica que na ocasião chamou em seu gabinete um assessor do corregedor e repassou a informação sobre o “suposto pedido de propina”. A informação teria chegado aos ouvidos de Milani, que, segundo o ex-prefeito, a partir daí teria adotado “atitude persecutória” contra ele.

A construção do Itaquerão custou R$ 1,08 bilhões, sem contar juros. Para financiar a obra, o Corinthians foi autorizado pela prefeitura de São Paulo a captar mais R$ 420 milhões por meio de emissão dos CIDs.