Policiais que participaram da morte do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, 39, em Pinheiros, na noite desta quarta-feira (12), dificultaram as investigações ao remover o corpo antes da chegada da perícia, segundo a Ouvidoria da PM. “Isso foi feito para descaracterizar a realização de uma perícia completa do local”, diz o ouvidor Júlio César Fernandes Neves.
Vídeo feito por uma moradora e disponibilizado nas redes sociais mostra os policiais colocando o corpo do carroceiro no porta-malas de uma viatura. “Eles desrespeitaram uma resolução do próprio secretário de segurança feita justamente para evitar interferências nas investigações em casos de homicídio”, diz o ouvidor.
No caso, os policiais devem acionar socorro e o Copom (Centro Operacional da Polícia Militar). A cena do crime deve ser preservada até a chegada da perícia. “Nada disso foi feito”, diz Neves.
De acordo com boletim de ocorrência registrado no 14º DP (Pinheiros), dois policiais faziam ronda a pé pela região da rua Mourato Coelho quando viram o carroceiro brigando com uma moradora de rua. Ao intervir, os policiais teriam sido ameaçados pelo carroceiro com um pedaço de pau. Um deles reagiu e disparou duas vezes. O carroceiro chegou a ser levado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.
Moradores dão outra versão. Funcionários de uma pizzaria teriam acionado a polícia após Nascimento ter ido pedir um lanche. Quando os oficiais chegaram, o carroceiro estava alterado e os ameaçou com um cabo de vassoura. Um policial mandou ele abaixar o cabo e atirou contra ele. O ouvidor da PM questionou também a elaboração do boletim de ocorrência. “Só foram ouvidos os policiais. Não há uma testemunha.”
A secretaria de Segurança Pública afirmou que os dois policiais e a equipe da Força Tática envolvidos na ocorrência foram afastados do trabalho nas ruas. Foram instaurados inquéritos policial e criminal e câmeras de segurança da região serão analisadas pela polícia, de acordo com a pasta.