Janot nega ter pressa para apresentar nova ação contra Temer

BRASÍLIA, DF, 13.03.2017: RODRIGO-JANOT - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante reunião do Conselho Superior do Ministério Público, na sede da PGR, em Brasília (DF), nesta segunda-feira. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

“Se alguma investigação estiver madura até 15 de setembro [quando encerra o mandato e Raquel Dodge assume], eu ofereço a denúncia”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele negou ter pressa para apresentar uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer e disse que vai aceitar “com a maior naturalidade” a possível rejeição pela Câmara da ação já encaminhada. Janot participa de evento promovido pelo Brazil Institute, do Wilson Center, em Washington, nesta segunda-feira (19).

O procurador-geral, que está nos EUA também para encontro com autoridades norte-americanas, disse que seu trabalho está feito no que diz respeito à denúncia por corrupção passiva apresentada contra Temer com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS. “Não vou insistir nessa denúncia, porque não tenho como insistir tecnicamente”. Caso a Câmara rejeite, o processo contra Temer seguirá apenas quando ele deixar o cargo de presidente.

Sem mencionar o nome de Joesley ou da JBS, Janot apresentou a colaboração que livrou os donos da empresa da cadeia como “a grande polêmica que se tem hoje no Brasil”, e garantiu que, mesmo depois de toda a polêmica, faria tudo de novo “sem o menor drama de consciência”.
“Essas pessoas procuraram agentes do Ministério Público para oferecer a possibilidade de um acordo penal. E envolviam altíssimas autoridades da República. A primeira reação nossa foi dizer ‘isso é mentira, não acredito que isso esteja acontecendo, é inacreditável que a prática continue de maneira aberta'”, contou.

“Ninguém se sente feliz concedendo imunidade a criminoso”, disse o procurador-geral, destacando que a imunidade foi concedida “a pessoas ricas que moram aqui, em Nova York”. Janot disse que os delatores apresentaram “takezinhos de algumas gravações” com uma diferença em relação às outras colaborações: denunciavam um crime em curso.

A gravação apresentada por Joesley Batista sugeria que o presidente Michel Temer estava agindo para atrapalhar as investigações da Operação Lava jato. A Câmara dos Deputados decidirá se o processo segue enquanto Temer for presidente, após a Comissão de Constituição de Justiça da Casa rejeitar o relatório favorável à denúncia apresentada pela PGR.