Quarenta mil pessoas deixaram de ser atendidas no pronto -socorro do Hospital São Paulo, ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entre março e junho de 2017, segundo levantamento da instituição.
Em 31 de março, a unidade passou a atender apenas casos de urgência e emergência e consultas ambulatoriais devido à crise financeira da instituição. No mesmo período, 1,4 mil pacientes não puderam se internar, pois as cirurgias eletivas também estão suspensas. As informações são da Agência Brasil.
O hospital tem déficit de R$ 32 milhões, conforme dados de 2016, e uma dívida de R$ 160 milhões. A unidade começou a funcionar em 1940 como hospital-escola da EPM (Escola Paulista de Medicina). Em 1956, a EPM foi federalizada e, em 1994, foi transformada em universidade, a Unifesp. O hospital, por sua vez, ficou com a mantenedora SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), associação civil sem fins lucrativos, de natureza filantrópica.
A instituição, que já anunciava a crise financeira em março e reivindicava mais recursos junto ao Ministério da Saúde, deixou de receber repasses do Rehuf (Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais), do governo federal, em maio. O órgão justifica que o Hospital São Paulo não se enquadra nos critérios previstos na legislação do programa. O assunto foi alvo de ação do MPF-SP (Ministério Público Federal do Estado de São Paulo), que recomendou a retomada imediata dos repasses do Rehuf.
Entre as justificativas para a suspensão do pagamento apontadas pelo Ministério da Saúde, está o fato de o hospital ser entidade filantrópica e receber recursos privados por meio da mantenedora, a SPDM. Para o MPF, no entanto, essa condição já era conhecida pelo governo federal desde 2010, quando a unidade foi incluída no programa. Segundo o hospital, 95% dos atendimentos ocorrem pelo SUS (Sistema Único de Saúde).