Moradores relatam tensão e elogiam operação que matou dez no Morumbi

SÃO PAULO, SP, 04.09.2017: VIOLÊNCIA-SP - Operação conjunta entre o Garra e o Deic, da Polícia Civil, evita plano de roubo a residência no Jardim Guedala, no Morumbi na zona oeste de São Paulo, na noite deste domingo (3). Dez criminosos foram mortos em confronto com os policiais. Com eles, foram encontrados fuzis e coletes à prova de bala. (Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Folhapress)
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O administrador de empresas Marc Gautier, 44, olhava na manhã desta segunda (4), apreensivo e curioso, os estilhaços do tiroteio que deixou dez mortos na rua de sua casa, no Jardim Guedala, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.

“Tenho dois filhos pequenos, aumenta muito o medo e a insegurança, muda a rotina de qualquer um. Vou pressionar no que for possível para melhorar a segurança aqui. Porque não adianta a gente ficar refém de segurança privada”, diz ele.

Na noite de domingo (3), dez homens foram mortos em confronto com a Polícia Civil após tentativa de assalto a uma casa na rua Pureus, por volta das 19h30. Os criminosos faziam parte de uma quadrilha especializada em assaltos a casas de luxo no bairro, segundo a polícia.

O bairro era monotemático nesta manhã: só se falava sobre o assalto nas guaritas dos vigias de rua, em um posto próximo ao local dos crimes e entre os funcionários que entravam e saíam das casas de alto padrão.

Uma série de moradores e trabalhadores da região, a maior parte com receio de se identificar, foi ao local ver o que restou da ação policial do Deic (Departamento Estadual de Investigações) e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos): marcas de balas nos muros, estilhaços de vidro e roupas com sangue. Nem moradores da região nem policiais ficaram feridos.

O público de curiosos elogiava a ação da polícia e se diziam aliviados. “Assalto a casas é muito comum aqui, mas assim eu nunca tinha visto. Tem casa à venda em todas as ruas, e ninguém consegue se livrar”, diz Harry Wolpert, 54, que trabalha há 32 anos como motorista na região.

Dos 10 suspeitos, dois não foram identificados. Os outros oito são: Edmilson José Rocha, Jeferson Souza de Melo, José Aldo Martins de Souza, Diego Ferreira da Silva, Paulo Ricardo Sena Matos, Felipe Macedo de Azevedo (vulgo Miojo), Mizael Pereira Bastos (vulgo Sassa) e Lucas Augusto da Silva.

O ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Neves, informou à reportagem que “causou surpresa 10 mortos em uma ação da Polícia Civil”. “Em princípio, a ação dos policiais não parece ter algum ato ilegal, mas é algo que o Ministério Público tem de acompanhar de perto”, disse.

 

Investigado há sete meses, grupo seria responsável por 30 assaltos

 

O grupo de assaltantes era investigado havia sete meses, segundo o Deic, e seria responsável por 30 assaltos a imóveis, em bairros nobres e condomínios de luxo, além de caixas eletrônicos em todo o Estado.

Os suspeitos foram abordados por policiais quando saíam da casa assaltada -eles estariam tentando abrir um cofre no local, mas saíram ao saber do cerco da polícia. Houve intensa troca de tiros. Segundo a polícia, os criminosos tinham quatro fuzis. Nenhum agente foi atingido no tiroteio, mas quatro acabaram levemente feridos por estilhaços. Os criminosos foram alvejados dentro dos carros. Um dos veículos bateu em um poste a poucos metros da residência. O outro veículo ficou atravessado na rua.

Um carro com ao menos quatro criminosos teria conseguido fugir, segundo agentes no local. No final da noite, havia corpos espalhados em quatro ruas diferentes, estirados no asfalto. Três na rua Pureus, cinco na Pirapó, a poucos metros da casa alvo do assalto, um na rua Melo Morais Filho e um na rua Santo Eufredo. O líder do grupo, identificado como Sassá, está entre os mortos.