Manifestantes sem teto protestam na Grande SP para ficar em área invadida

SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP, 13.09.2017: MTST-SP - Ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em um terreno em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, nesta quarta-feira. A área fica na rua João Augusto de Souza, em frente à fábrica da Scânia. (Foto: Dário Oliveira/Folhapress)
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Um grupo de manifestantes sem teto que invadiu um terreno em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, fez um protesto nas ruas da cidade do ABC na tarde desta quarta-feira (13).

A manifestação passou por várias avenidas do centro cidade e foi até a Câmara Municipal, onde líderes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) se reuniram com representantes da prefeitura e da Polícia Militar. O MTST disse que havia 2.500 pessoas no ato. A PM não informou estimativas.

Cerca de 4.000 pessoas ocupam um terreno que pertence à Scania na avenida José Odorizzi, na Vila Euro. Famílias estão vivendo ali embaixo de lonas, com alimentação e água fornecida pelo MTST. A ocupação começou no início do mês.

A Justiça determinou a reintegração de posse do terreno, mas a ordem ainda não foi cumprida. Os manifestantes pedem que a decisão seja revista e que a prefeitura ofereça ajuda para as famílias sem moradia.

Um dos manifestantes, José Raimundo Barros, 40, vigilante desempregado, veio de Diadema e está no terreno desde segunda-feira (11). Casado e pai de duas filhas, ele morava de favor na casa de um amigo antes de ir para a ocupação. “Sei que o terreno é particular, mas espero um acordo pacífico, que a prefeitura libere pra gente pagar nem que for um pouco por mês ” diz ele. “Nós queremos somente a moradia, que é um direito de todos.”

Antes da chegada dos manifestantes, policiais militares e guardas civis cercaram o prédio da Câmara, onde funcionários foram dispensados do expediente mais cedo. No entanto, o protesto foi realizado de forma pacífica.

Os manifestantes ficaram revoltados com a ausência do prefeito Orlando Morando (PSDB) na reunião. Ele foi representado por um secretário. “Mais uma vez o prefeito foi incompetente e irresponsável em não atender a comissão e vai pagar o preço da mobilização”, disse Guilherme Boulos, líder do MTST.

Após a reunião, que durou cerca de duas horas, os manifestantes anunciaram que vão voltar para a ocupação. Haverá um novo encontro entre as partes nesta quinta-feira (14). O MTST convocou um novo protesto para sexta-feira (15), que poderá bloquear a via Anchieta.