Temer autoriza envio de 950 homens das Forças Armadas para a Rocinha

RIO DE JANEIRO,RJ,22.09.2017:TIROTEIO-ROCINHA - Intenso tiroteio num dos acessos à favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), fecha a autoestrada Lagoa-Barra nos dois sentidos, na manhã desta sexta-feira (22). As pessoas que cruzavam a passarela sobre a via expressa, perto do Túnel Zuzu Angel, em São Conrado, se jogaram no chão para se proteger dos disparos. Em meio aos tiros, um grupo ateou fogo em objetos que foram jogados na pista da autoestrada, também próximo ao Zuzu Angel. (Foto: jose lucena/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Único jornal diário gratuito no metrô

O presidente Michel Temer autorizou o envio de 950 homens das Forças Armadas para participar de operação na favela da Rocinha, que registrou confrontos e ataques nesta sexta-feira (22).
Segundo o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, o contingente já está no Rio de Janeiro e deverá chegar por volta das 15h30 na comunidade fluminense.
O reforço terá a função de fazer um cerco na favela para liberar os destacamentos da Polícia Militar a subirem na comunidade.

“Foi autorizada a operação das Forças Armadas para que seja feito um cerco na Rocinha, liberando o policiamento para que ele possa subir e continue com o enfrentamento com os criminosos”, disse.
Na entrevista à imprensa, o ministro havia disso que seriam 700 homens, mas a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa afirmou posteriormente que o número real é de 950.
De acordo com o ministro, há um contingente de 10 mil homens disponíveis no Rio de Janeiro, que poderão ser acionados caso o governo estadual faça uma nova solicitação à administração federal.
O envio de um reforço foi solicitado nesta sexta-feira (22) pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Além da Rocinha, houve relatos de tiroteios no Dona Marta, na zona sul, e no Complexo do Alemão, na zona norte.

Questionado se o anúncio foi tardio, o ministro disse que as Forças Armadas não substituem a Polícia Militar, que fazem a segurança pública e têm informações operacionais.
“Nós atuamos por demanda e não houve demanda [anterior], porque os órgãos de segurança estavam realizando operações que eles achavam e entendiam que não havia necessidade”, disse.
Ele reconheceu que o problema no Rio de Janeiro é estrutural, mas que, neste momento, é necessário combater o quadro considerado urgente.

“Há um doente com fraturas múltiplas e uma hemorragia interna. E ele tem também cirrose. Do que vamos cuidar primeiro? A cirrose é estrutural e a hemorragia é a urgência. Nós estamos trabalhando evidentemente sobre a urgência”, disse.
O ministro fez o anúncio após reunião com o presidente, no Palácio do Planalto. Em entrevista à imprensa, ele negou, apesar da situação no Rio de Janeiro, que o plano nacional de segurança tenha fracassado.

Segundo ele, nas varreduras realizadas nos presídios brasileiros, foi constatado que um em cada três detentos possuem armas.
“Boa parte do nosso sistema prisional é uma peneira, mas esses sistemas não são de responsabilidade do governo federal. As atribuições competem aos governos estaduais”, disse.
Ele também voltou a defender a necessidade de aprovação de um projeto de lei para que visitas de advogados e familiares a chefes de facções criminosas, nos presídios brasileiros, sejam monitoradas e gravadas.

Segundo ele, contudo, a iniciativa tem enfrentado resistência de advogados criminalistas no país.
O ministro relatou que, em audiência nesta sexta-feira (22), com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ela propôs a inserção de parlatórios dentro das penitenciárias brasileiras.
“Eu espero levar esse tema ao presidente da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para que nos ajude a dar resposta a essa situação”, disse.

Foto: José Lucena/Futura Press/Folhapress