Secretário de Alckmin pede fim de ocupação para dialogar com sem-teto

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O governo Alckmin (PSDB) fechou a porta do diálogo para o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) nesta sexta-feira (8). O movimento mantém, desde quarta (6), uma ocupação na sede da secretaria de Habitação, localizada na rua Boa Vista, no centro da capital paulista.
O secretário da pasta, Rodrigo Garcia, disse, por meio de nota, que as negociações só voltarão a acontecer após “a desocupação completa do edifício-sede da instituição”.
O protesto tem o objetivo de impedir uma reintegração de posse determinada pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) em um terreno ocupado há pouco mais de três meses pelos sem-teto em São Bernardo do Campo (Grande SP).
Os manifestantes ocupam o hall e parte da calçada na entrada do prédio da secretaria. Segundo a PM, o ato segue pacífico e sem registro de tumulto. Os servidores também não estão sendo impedidos de trabalhar.
De acordo com Josué Rocha, um dos coordenadores do MTST, os representantes da secretaria de Habitação não ofereceram até então alternativas concretas às 7.000 famílias que estão no terreno, de 70 mil metros quadrados, que é privado. “A principal reivindicação é destinar essa área para as famílias e isso ainda não foi aceito. Vamos seguir acampados por tempo indeterminado”, informou Rocha.

OCUPAÇÃO
No último dia 2 de outubro, o Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou a reintegração de posse do terreno após uma negociação entre poder público, proprietário e sem teto. A área, que é ocupada desde setembro, passou nesse período de 500 para cerca de 7.000 famílias, segundo o MTST. O terreno fica no Jardim Planalto e pertence à construtora MZM.
A construtora afirma que, como “legítima proprietária do terreno desde 2008 e tendo seus direitos resguardados sobre sua propriedade, aguarda que a lei e a ordem judicial que determinou a reintegração de posse sejam cumpridas de forma pacífica garantindo a ordem e a segurança de todos”.
Ainda no TJ, em 15 de setembro o relator do processo, desembargador Correia Lima, havia suspendido a reintegração imediata da área -determinada em primeira instância pelo juiz Fernando de Oliveira Ladeira, da 7ª Vara Cível de São Bernardo.
Pela decisão de outubro, segundo a assessoria de imprensa do tribunal, terá de ser feita antes da reintegração uma intervenção prévia do Gaorp. O grupo existe no TJ desde 2014 e serve para mediação de conflitos -seja para tentativa de conciliação entre as partes, ou para amenização de desgaste desse tipo de ordem judicial aos afetados. Participam do grupo representantes das partes e também das administrações federal, estadual e municipal, para que, por exemplo, sejam apresentados encaminhamentos de sem teto a programas habitacionais.
A ocupação em São Bernardo cresceu e atraiu outros sem-teto da periferia da capital paulista, de São Bernardo, de onde é maioria dos ocupantes, e de Diadema. Ela acabou batizada pelo movimento como “Povo Sem Medo”.

(Folhapress)
Foto: Zanone Fraissat/Folhapress