Mercado Hirota faz cartilha contra casamento gay e papel das mulheres

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Em meio aos folhetos de promoção, a rede de supermercados Hirota distribuiu uma cartilha “da família” em que condena a união homossexual, o sexo antes do casamento, o protagonismo da mulher nas relações e o aborto.
O folheto, impresso para comemorar o Dia da Família, no último dia 8, causou furor nas redes sociais por discorrer sobre “os pilares do casamento”, “esposa seja submissa ao marido” e “aborto, um crime hediondo” com base em passagens bíblicas. Entre os trechos compartilhados que mais causaram indignação está o que classifica a união entre pessoas do mesmo sexo como “antinatural, um erro, uma paixão infame, uma distorção de criação”.
Indignados, clientes usaram as redes sociais para protestar. Os posts mais recentes publicados na página do supermercado para divulgar ofertas e receitas de Natal receberam cerca de 50 comentários contrários ao conteúdo da cartilha. “A ceia pode ser pedida por qualquer tipo de família ou quem tem paixão infame não pode?”, quis saber um cliente. “Qual o horário de funcionamento do respeito às pessoas?”, perguntou outro.
A movimentação fez a empresa postar na tarde desta terça-feira (19) um nota de retratação em sua página em que pede desculpas e esclarece que “em momento algum tivemos a intenção de polemizar, ofender ou discriminar qualquer forma de amor. Em nossos valores não há nenhum tipo de preconceito em relação à gênero, religião ou raça.”
A página também foi alvo do tradicional “vomitaço”, em que emojis vomitando uma gosma verde são publicados repetidamente nos comentários. Com cerca de quinze lojas na capital e no ABC, a rede de supermercados anunciou no ano passado a expansão do negócio ao abrir unidades nos moldes de lojas de conveniência comuns no Japão.
A cartilha diz que sexo antes do casamento é “fornicação” e emenda: “se antes do casamento o sexo é proibido, no casamento é ordenado”. Nas páginas seguintes há trechos como “a submissão da mulher a seu marido é sua liberdade” e “o aborto é transformar o ventre materno, o mais sagrado habitat humano, num patíbulo de tortura”.
Como a tiragem foi pequena – a empresa não soube especificar a quantidade -, a cartilha acabou em poucos dias. A reportagem esteve em uma unidade na Vila Madalena e foi informada que o material havia acabado -no lugar, foi oferecido uma revista com promoções de Natal.

IGREJA
A família proprietária da rede é conhecida por suas ações voltadas às igrejas presentes no bairros onde funcionam suas lojas. O texto teria sido proposto por um integrante de uma igreja presbiteriana para comemorar o Dia da Família. Em apoio, a empresa decidiu imprimir os folhetos e distribuí-los nos supermercados.
A importadora japonesa Daiso, que tem expandido suas lojas por São Paulo recentemente, também publicou uma retratação por ter parceria comercial com os supermercados Hirota. “Não concordamos com nenhum tipo de discriminação, seja ela de qualquer natureza, deixando claro que também não partilhamos com pronunciamentos ou materiais ofensivos”, publicou em sua página na rede social.

(Folhapress)
Foto: Reprodução